Vidabrasil circula em Salvador, Espírito Santo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo Edição Nº: 301
Data:
28/2/2002
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O suntuoso Plaza de Nova York, com seus 90 anos, continua sendo o maior símbolo da cidade
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Turismo

The Plaza a quintessência do requinte  
 
Com seus 90 anos muito bem vividos e em plena forma física, o suntuoso Plaza de Nova York é considerado hoje um dos mais importantes monumentos históricos e considerado o maior símbolo da cidade.  
 
Por trás do mundo glamouroso de porcelanas com ouro incrustado, mármores, cristais e cortinas de organdi da Suíça, se esconde um bocado da trajetória folclórica de gente do naipe de John Kennedy, Marilyn Monroe, Cary Grant e ainda os escritores renomados como Scott Fitzzgerald (com sua mulher Zelda) e Ernst Hemingway e o tenor Enrico Caruso. Pela sua imponência arquitetônica o Plaza serviu de “cast” para filmes como “O Grande Gatsby”, “Cotton Club”, “Crocodilo Dundee (I e II)”, “Perfume de mulher”, “Esqueceram de mim II”, sem contar o filme em que o nome da própria casa foi utilizado como atrativo: “Plaza Suite”. Somente para se ter uma idéia maior do esmero de sua sofisticação, é bom observar que o magnífico Plaza mantém cinco restaurantes para atender as requintadas exigências de sua clientela.  
 
Um dos mais famosos hotéis de Nova York, The Plaza abriu suas portas no dia 1º de outubro de 1907, em meio a uma agitação de repórteres que se adiantavam em descrevê-lo como “o maior hotel do mundo”. Localizado na Quinta Avenida com a Central Park South, foi construído na área residencial mais sofisticada da cidade – ao leste, a mais elegante e cara avenida de Nova York, e ao norte, o principal parque, no coração de Manhattan.  
The Plaza era o sonho de três grandes empresários: o financista Bernhard Beinecke, o hoteleiro Fred Sterry e Harry S. Black, presidente da construtora Fuller. Eles compraram um hotel construído havia quinze anos no mesmo local, com o mesmo nome. Os três decidiram substituí-lo por outro que eles orgulhosamente – e sem modéstia – já chamavam de “o mais elegante hotel do mundo”.  
Arquitetura - Evidentemente, Harry Black utilizou sua construtora para realizar a obra, que durou apenas dois anos e custou US$ 12 milhões, uma fortuna jamais investida num empreendimento do gênero no início do século. A rapidez com que foi construído impressionou a todos na ocasião.  
O arquiteto responsável foi Henry Janeway Hardenbergh, um dos mais famosos e de mais destaque na época, responsável também pelo projeto do Edíficio Dakota, também em frente ao Central Park, onde morava o ex-beatle John Lennon e onde vive hoje Yoko Ono. Hardenbergh desenhou o Plaza com toda a ostentação, opulência e glamour de um verdadeiro castelo, digno da mais tradicional nobreza européia. Há mármore em todos os lobbies, o linho utilizado pelo hotel foi fabricado com exclusividade em Belfast, na Irlanda, cortinas bordadas de organdi foram trazidas da Suíça. Porcelana com ouro encrustado e nada menos que 1.650 lustres de cristal complementam o requinte.  
Com 19 andares, em 1907 era considerado um verdadeiro arranha-céu. Desde o início, o Plaza tem hospedado personalidades famosas no mundo inteiro. Os funcionários da casa colecionam histórias divertidas e casos curiosos que enriquecem a história do hotel. Os mais antigos contam que certa vez o cantor de ópera Enrico Caruso ficou tão enfurecido com o tic-tac do relógio de sua suíte que ele o quebrou, partindo depois para destruir todos os outros relógios do hotel.  
Fitzgerald, Hemingway - O escritor Scott Fitzgerald e sua mulher, Zelda, também frequentavam os bares do Plaza e eventualmente se hospedavam ali. A ligação do casal com o hotel era tão conhecida que certa vez o também escritor Ernest Hemingway sugeriu a Fitzgerald que ele doasse seu fígado para a Universidade de Princetone o coração para o Plaza (os dois, como se sabe, eram bons de copo – o fígado, de acordo com a bem humorada sugestão de Hemingway, deveria ser encaminhado para a Universidade estudar a sua resistência, ou o estrago provocado pela bebida).  
O famoso artista e compositor da Brodway, George Cohann, era também um frequentador assíduo do OAK Room, o Salão do Carvalho, em Português. Depois de sua morte, em 1942, The Lambs, um clube de teatro, instalou uma placa de bronze em sua homenagem no salão. Os astros do show business ainda se reúnem lá em sua homenagem. Atualmente, ao lado da placa de George Cohan, há também outra em homenagem a um querido e eficiente funcionário da casa, Fred Cristina, que trabalhou por mais de 50 anos no OAK Room e tornou-se amigo dos célebres clientes da casa.  
Filmes - Um dos mais famosos sets de filmagem de Hollywood, The Plaza foi utilizado em cenas de “O Grande Gatsby”, “Plaza Suite”, “A Rosa”, “Cotton Club”, “Crocodilo Dundee I” e “II”, “Esqueceram de mim II” e “Perfume de mulher”.  
O hotel foi considerado como marco da cidade de Nova York em 1969, está listado no Registro de Locais Históricos e foi indicado para Marco Histórico Nacional em 1986. É o único hotel dos Estados Unidos com essas honrarias, o que o torna uma verdadeira instituição, um símbolo da cidade.  
Os cinco restaurantes do hotel agradam a todos os diferentes, sofisticados e exigentes gostos de sua elegante clientela. The Edwardian Room, com suas enormes janelas de frente para o Central Park e peças de artesanato originais, é aberto para café da manhã, brunch de domingo, almoço e jantar. Um dos mais conhecidos pontos para café da manhã, o Edwardian Room oferece também comida francesa no mais sofisticado ambiente. Um autêntico café da manhã japonês é uma alternativa curiosa do cardápio do café da manhã tradicional, para quem deseja variar um pouco.  
Requinte - The OAK Room é a reminiscência de um clube exclusivo de homens. O pé direito é de oito metros de altura. Paredes e colunas de carvalho – que deram origem ao nome do bar – e pinturas do fim do século passado e da virada do século conferem elegância ao ambiente.  
O piso de mosaico original acaba de ser restaurado neste salão. Até 1974 ainda era frequentado exclusivamente por homens até às 3 da tarde, quando a entrada de mulheres era então liberada. Atualmente, homens e mulheres são bem recebidos para todas as refeições. O cardápio apresenta pratos grelhados e iguarias de diversos temperos. Todas as noites há um recital de piano.  
The OAK Bar, ao lado do OAK Room, também um dos mais conhecidos de Nova York, com excelente vista para o Central Park, serve drinks a executivos, empresários e personalidades famosas e funciona todos os dias. The Palm Court, o quarto ambiente para refeições na entrada do hotel, é uma atração à parte. Aberto para o café da manhã, oferece um brunch extraordinário aos domingos, almoço, chá da tarde, coquetéis e uma leve ceia à noite. É a reconstituição de uma típica casa de chá inglesa ao ar livre, na qual assistir o movimento das pessoas indo e vindo é um dos passatempos favoritos.  
Piano Bar - Músicos com piano e violino divertem os clientes a partir das quatro da tarde, todos os dias. Há movimento no Palm Court desde as primeiras horas do dia, no café da manhã, até tarde da noite. Muitas pessoas, depois das sessões na Broadway, se dirigem para o restaurante para um drink e uma leve refeição de fim de noite. Numa cidade que respira dinheiro, há quem garanta ter feito excelentes negócios num ambiente em que a princípio não se pensaria em trabalho.  
The Oyster Bar lembra a hospitalidade aconchegante de um pub inglês com janelas de vidro trabalhado e pinturas da Era Edwardiana. Seu bar, com três lados e decorado com peças de cobre, é um local para beber ou jantar. Aberto para almoço e jantar, todos os dias, oferece frutos do mar de diversos tipos e uma extensa variedade de cervejas importadas. Muitos moradores e visitantes da cidade consideram que o Plaza reúne a essência do charme, da sofisticação e do brilho de Nova York.  
Gente famosa - Desde que abriu suas portas em 1907 para as mais abastadas famílias dos Estados Unidos, como os Vanderbilt, Whitney, Harriman e Gould, o famoso Oak Room, no The Plaza, tem recebido as principais lideranças e celebridades de Nova York e do mundo.  
Nos primeiros anos, executivos, financistas e industriais almoçavam no restaurante em longas conversas. Corretores da Bolsa de Valores trabalhavam no salão do lado, onde atualmente funciona o Oak Bar, em ambiente com paredes de carvalho e poltronas de couro. O salão ficava cheio até às três da manhã, quando o mercado de ações fechava. Na época, o acesso das mulheres era proibido.  
Homens de negócios que residiam no hotel também frequentavam o Oak Room, como os milionários John Gates e Jim Brady, conhecidos na cidade pelos sugestivos apelidos de John Bet a Million (John Aposta um Milhão) e Diamond Jim (Jim Diamante). A noite atraía convidados que tinham a oportunidade de ouvir dois ilustres italianos que se reuniam ali com frequência depois das apresentações no teatro: o maestro Arturo Toscanini e o tenor Enricco Caruso.  
Da Broadway, o showman George Cohan reunia sua entourage na esquina de um dos balcões, agora conhecida como a “Esquina de Cohan”. Foi ali que ele escreveu algumas de suas mais famosas músicas, celebradas por “The Lambs” na placa de bronze feita em homenagem a Cohan e doada ao Plaza depois de sua morte, em 1942. Durante a era do jazz, o Oak Room registrava entre seus hóspedes estrelas do mundo literário como Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway, dois dos mais importantes escritores da língua inglesa.  
A Grande Depressão iniciada com o crack da bolsa de Nova York, em 1929, trouxe algumas mudanças ao ambiente. O escritório de corretagem que funcionava na sala ao lado do Oak Room transformou-se no clássico Oak Bar, com pinturas de Everett Shinn e vistas panorâmicas para o Central Park. Por ali passaram personalidades como o grande arquiteto Frank Lloyd Wright, estrelas como Cary Grant e Marilyn Monroe e autoridades como o presidente John F. Kennedy, inclusive o arquiteto do próprio Hotel, Henry Hardenbergh, um dos mais requisitados na época.  
Hoje em dia o Oak Room mantém a sua tradição de história e sofisticação. Da virada do século até hoje, o restaurante reflete a vida cultural e financeira de Nova York – continua atraindo executivos, empresários, intelectuais, políticos e artistas de todo gênero, além, claro, de turistas de todo o mundo.  
“Honestamente, gosto tanto dele quanto se eu mesmo o tivesse construído”, disse certa vez Frank Lloyd Wright sobre The Plaza. Ele morou e trabalhou no hotel entre 1953 e 1959, durante a construção de The Guggenheim Museum. O Guggenheim é a única obra grandiosa de Wright construída em Nova York. Sua “casa” e escritório durante a execução da obra foram os quartos 221, 223 e 225. The Plaza recentemente redecorou esses quartos, transformando-os na suíte que leva o nome do arquiteto.  
Toque oriental - A suíte inclui dois quartos de dormir e dois banheiros com vistas deslumbrantes para o Central Park e a Quinta Avenida. Tem mais de trezentos metros quadrados, o pé-direito tem quatro metros de altura, o piso é de madeira de lei e há ainda três ladeiras de mármore. Todos esses detalhes foram cuidadosamente restaurados de acordo com o projeto original, de 1907.  
A decoração interna, no entanto, reflete o projeto do próprio Wright, que o elaborou quando viveu ali: combina uma certa sofisticação urbana com alguma influência oriental. A suíte fica num corredor inspirado no estilo do arquiteto e as paredes formam uma verdadeira galeria de arte, com desenhos e rascunhos de sua autoria. O interior conta ainda com reproduções de móveis desenhados por Wright e os tecidos, louças e talheres foram aprovados pela Fundação Frank Lloyd Wright, que administra seu acervo. A suíte está disponível para clientes que desejem ocupar dois ou apenas um quarto de dormir.  
O hotel conta ainda com mais quatro tipos de suítes especiais, para hóspedes mais exigentes. A suíte Vanderbilt é um apartamento excepcional, com novecentos metros quadrados e pé-direito de quatro metros de altura. Há opções com um, dois ou três quartos de dormir. Todos têm uma sala de estar, uma sala de jantar e cozinha. Possuem antiguidades originais, objetos de ouro e banheiras de mármore. Com decoração Biedermeier, possui novos banheiros, todos em mármore, com toalhas pré-aquecidas, secadores de cabelo, grandes espelhos iluminados para maquiagem. O banheiro principal conta com uma ampla jacuzzi. Tapetes orientais, relógios originais do início do século e ferramentas de prata para lareira complementam o requinte do ambiente.  
Charme britânico - Há as suítes inglesas que, como o nome diz, são decoradas em estilo britânico, e possuem um ou dois quartos, também com todo conforto.  
A Suíte Astor, também com 900 metros quadrados, dois quartos, sala de estar e sala de jantar, possui decoração no estilo francês do século XVIII. Os móveis, bem trabalhados, no estilo Luís XV e Luís XVI, foram trazidos da Itália. São semelhantes aos exibidos no Museu do Louvre, em Paris.  
A Suíte Presidencial é de um requinte fora do comum. Possui nada menos que 2.600 metros quadrados, cinco quartos de dormir, dois livings rooms, uma sala de jantar, cinco banheiros, três lareiras, sauna, cozinha e adega com duas mil garrafas de vinho. Fica localizado no topo do Plaza, que tem 19 andares, e tem vista deslumbrante para o Central Park. É conhecida como “lar fora do lar” para as mais altas autoridades do mundo que se hospedam ali. Antiguidades, banheiros e lareiras de mármore, mordomo à disposição 24 horas por dia, serviço de secretária e limousine complementam o atendimento vip dos hóspedes.  
Ao todo, são 805 quartos, 96 suítes, e 16 suítes especiais, com maior conforto. Todos os hóspedes recebem tratamento personalizado, e podem solicitar serviços de mordomo, de secretárias para desfazer as malas e arrumá-las no armário, além de limousines com motoristas. O atendimento funciona as 24 horas do dia, incluindo os serviços de bar e organização de encontros, reuniões ou festas particulares nos quartos.  
O Plaza conta ainda com as facilidades oferecidas por todos os grandes hotéis, como sala de ginástica, salões para reuniões e conferências, serviço de lavanderia, televisores com sistema Payer-per-view, etc. Só o Plaza, no entanto, conta com essa rara sofisticação, baseada em sua tradição e tratamento individualizado, que o torna único em uma cidade que já foi chamada por John Lennon de a “Roma de hoje em dia”, o principal centro financeiro e cultural do mundo

  
The Plaza

Utilizado desde 1907 para café da manhã, lanche e chá da tarde, o salão Palm Court é utilizado para o famoso Brunch dominical.

Tapetes, plantas, colunas, arcos e lustres de cristal são características marcantes do corredor que dá acesso ao Edwardian Room.

Elegante, distinto e com a decoração completamente restaurada, o The Terrace Room foi adaptado para conferências e recepções de alto nível.

Um dos salões destinados a banquetes do Plaza contém um piano e uma harpa estrategicamente colocados para eventuais concertos.

Obras de arte de esmerada sofisticação são comumente apreciadas em todas as acomodações do hotel.

Para a realização de gigantescos banquetes, o local indicado do Plaza é a chamada The White and Gold Suíte, de cujas janelas têm-se uma excelente vista do Central Park. Com variadas motivações decorativas, o hotel esbanja conforto e bom gosto em todas as suas dependências.



a fantástica Louis XV suíte desponta como um dos mais elegantes e requintados aposentos do legendário Plaza Novaiorquino.



No destaque, um magnífico prato de porcelana

A decoração das mesas faz parte do extraordinário cenário onde o requinte se renova a cada passo nos imensos salões.





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