A gota d'água

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Elísio Santana:"Constatamos que a política do PSB da Bahia atende apenas aos interesses pessoais de Lídice/Leonelli, mesmo quando ela traz contradições insuperáveis e mostram a impossibilidade de se construir um PSB verdadeiro e coerente com seus princípios socialistas. Para não citarmos um conjunto grande destas contradições vamos ficar apenas na situação de alguns municípios importantes do estado. Em Paulo Afonso perdemos a reeleição de Raimundo Caíres..."

A gota d'água


Ativista de primeira hora dos principais movimentos socialistas do país, Elísio Santana foi membro fundador da ala jovem do MDB que à época abrigava a corrente do então clandestino PCB, o partidão.

Dirigente sindical da Petrobrás é fundador da CUT-Brasil e da CUT Bahia, sendo membro eleito do seu primeiro conselho político.

Em Vitória da Conquista, foi secretário de Expansão Econômica durante o governo José Pedral, um mito vivo da política local. No Governo Waldir Pires, foi sub-Secretário de Transportes e Comunicações. Em 1991 passou a atuar na iniciativa privada sem, entretanto, abandonar a política. Em 1999, fundou o PSB em Vitória da Conquista. Há vinte anos no partido, Elísio assistiu nos últimos cinco anos a invasão arrebatadora da máquina Lidice-Leonelli.

Esta semana, Elísio e seu grupo desistiram de conviver sobre o mesmo teto partidário com a dupla Lidice-Leonelli e seu fiel escudeiro (deles) Edézio Lima. Entre maracutaias partidárias, falta de dialogo e divergências inconciliáveis, a opção inicial Foi a desfiliação “Chegamos a conclusão que o PSB da Bahia optou por ser uma agremiação pequena e fraca, de propriedade da dupla Lídice/Leonelli. Isto facilita a vida deles na hora da ocupação de cargos, distribuição de benesses e aproximação com o poder na Bahia.”, afirmou o político em entrevista a Janio Lopo

Em 2006 Elísio saiu candidato a deputado estadual visando fortalecer o partido. O grupo que se agregou em função da sua candidatura, após as eleições começou a questionar a democracia interna da legenda, segundo eles, fechada, exclusivista e voltada para defender interesses e vontades da dupla Lidice-Leonelli. Não havia abertura para a discussão.

Em 2007, o grupo de Elísio reuniu-se coma executiva nacional e foi estimulado a permanecer no partido que vinha de um péssimo desempenho no Estado que é o terceiro colégio eleitoral do país. “Éramos uma luz no fim do túnel. Em função deste estímulo sentimo-nos motivados a disputar o congresso estadual do partido.” Afirma Elísio.

Em decorrência da reunião com a executiva em 2007, no ano seguinte, 2008, com o apoio de 49 diretórios, o grupo de Elísio se organizou e sentiu-se cacifado para disputar o comando do partido, mesmo sabendo das dificuldades e do poderio da dupla Lidice-Leonelli. “Sabíamos da impossibilidade de vencer, mas acreditávamos que aquele seria o momento de grande riqueza para o fortalecimento do partido, porque acreditamos que um partido socialista precisa aprofundar sua discussão sobre todas as teses levantadas, inclusive, as divergentes”. Lembra Elísio.

Apesar do clima de “conversas”, ainda segundo Elísio, o congresso de 2008 ocorreu sob a égide de boicotes, irregularidades e irresponsabilidades. “Mesmo assim continuamos a insistir para que Lídice através de seu Primeiro Secretário Edézio Lima, nos fornecesse as bases nas quais estavam montadas o processo de votação. Para nossa surpresa, no dia 15 de maio de 2008, às 14h14min, antevéspera do congresso, menos de 48 horas do pleito, foi-nos fornecido a lista dos municípios aptos a participar da votação. Constatamos uma total discrepância entre a lista do partido e a do diretório nacional. Para não entrarmos em maiores detalhes, havia 75 municípios relacionados na lista da Bahia que não existiam para o nacional. Outro absurdo é que eles relacionaram 36 municípios em que o PSB não tinha sequer um filiado. Uma falsificação grosseira, um desrespeito a democracia interna do partido.” Constata.

Com tudo isso, o grupo de Elísio ainda conseguiu algumas vitórias dentro do partido, como a de Paulo Mascarenhas: “Paulo é um velho amigo nosso. Foi candidato à reeleição a presidência do PSB de Salvador em 2007. Na época tínhamos uma chapa encabeçada por Gustavo Ferraz. Na oportunidade ocorreu um distúrbio gerado por uma jovem liderança ligada historicamente a Lídice e Celsinho Cotrim. Reunimo-nos com Mascarenhas e formamos uma chapa com ele na presidência. Fizemos uma única exigência para o acordo: que ele fosse o presidente de todo o partido e não apenas da dupla Lídice/Leonelli, aceitar essa exigência foi talvez o pecado maior de Paulo frente a eles. A partir daí ele foi "demonizado" pelo grupo. É importante lembrar que ele era um representante autorizado pela dupla para estabelecer uma negociação conosco”

A eleição de Paulo Mascarenhas oxigenou o partido e grupos não afinados com a dupla Lidice-Leonelli passaram a ter posições importantes na direção do partido, mesmo estando em minoria. ”A partir daí, começamos a escrever a história do PSB que sob o comando de Lidice-Leonelli,não tinha atas, não tinha história!”Afirma Elísio.

Para Elísio, a tomada de decisão para a desfiliação do seu grupo foi a constatação de que os interesses pessoais de Lidice-Leonelli estão a cima dos interesses do PSB.

“Este foi o momento decisivo para nossa tomada de posição. Constatamos que a política do PSB da Bahia atende apenas aos interesses pessoais de Lídice/Leonelli, mesmo quando ela traz contradições insuperáveis e mostram a impossibilidade de se construir um PSB verdadeiro e coerente com seus princípios socialistas. Para não citarmos um conjunto grande destas contradições vamos ficar apenas na situação de alguns municípios importantes do estado. Em Paulo Afonso perdemos a reeleição de Raimundo Caíres, um dos únicos prefeitos eleitos militante do PSB, por absoluta falta de firmeza da direção estadual. Em Ilhéus, vencemos a eleição exclusivamente porque o partido resistiu a tentativa de Leonelli de entregar, subservientemente, a cabeça da chapa ao PT local - assunto nunca devidamente esclarecido para nós - fato que acabou acontecendo em Salvador, onde a candidata do nosso partido, mesmo estando na frente em todas as pesquisas, acabou entregando, estranhamente, a cabeça de chapa ao PT. Na Região Metropolitana Jeane Morais - candidata a prefeita de Dias Ávila -, valorosa militante e primeira suplente de deputado federal do partido sofreu um enorme massacre, inclusive por parte do governo Wagner, e mais uma vez a direção do partido afrouxou na sua defesa.”

Finalmente Elísio argumenta que a gota d’água para que seu grupo saísse em busca de outro teto político, foi a dissolução do Diretório Municipal de Salvador legalmente eleito. “Numa manobra sórdida. Reuniram seis, dos nove membros da executiva provisória estadual, para "aceitar" uma renúncia de membros do diretório municipal. O mais imoral é que formaram uma executiva provisória com os mesmos que tinham renunciado, todos eles subordinados da dupla Lídice/Leonelli. Mais ainda. Passados 60 dias nenhum dos membros destituídos recebeu qualquer comunicação, formal ou informal, de que tinham sido "destituídos", a não ser pela imprensa. Por tudo isto consideramos esgotadas as nossas possibilidades de convivência com o grupo imperial que demonstra não ter interesse no crescimento real e na democratização do PSB da Bahia.”




Autor: Celso Mathias
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Existe 2 comentários para esta publicação
domingo, 31/5/2009 por carina miranda
Incompatíveis
Quem conhece a história de Edezio Lima e Elisio Santana, não consegue imaginar como os dois estão no mesmo partido.Digo,quem os conhece.Tire voce suas conclusões
quinta-feira, 28/5/2009 por Valtinho
Rearrumação
Parece o início de uma rearrumação partidária rumo à candidatura de Gedel para governar a Bahia.Será?
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