Diamantes não tão eternos

domingo, 10 de julho de 2011

Diamantes sintéticos vieram para ficar: em jóias e equipamentos. Ao imitar a natureza fez-se um produto melhor e mais barato. Os diamantes não são apenas, como diz a canção, “os melhores amigos das mulheres”. Tornaram-se úteis instrumentos tecnológicos e servem a toda a humanidade. É o material mais duro que se conhece e exerce um fascínio difícil de explicar.

Diamantes não tão eternos



É usado em joalheria há muitos séculos, mas também em instrumentos abrasivos. No século XVIII já se fazia o polimento das lentes com diamante. As partículas eram incrustadas no ferro fundido, dava-se uma forma côncava à ferramenta que era, então, usada como abrasivo. 

O diamante é feito a partir do carbono, que existe na forma de grafite. Aparece na natureza na forma de grandes cristais de elevada pureza que, depois de talhados, dão origem aos diamantes-jóia. Ou na forma de “carbonados” de menores dimensões, explica um especialista. Mais fino e mais escuro, este diamante do tipo ´bort´ ou “carbonado” é usado em aplicações industriais, para perfuração, corte e polimento. 

Desde os anos 50 que se começou a obter diamante a partir de grafite. Até ali, era possível apenas teoricamente, apesar de ainda ser necessário desenvolver o equipamento tecnológico. Para que o diamante se forme, é preciso criar condições de elevada pressão e temperatura, simultaneamente. Hoje já é possível fazê-lo de uma forma controlada, embora o investimento seja muito elevado. Mas o produto final é seguramente mais barato. 

Há vários países produtores mundiais de diamante sintético, como a Rússia, a Ucrânia, o Japão, a Coréia do Sul, a China e a Romênia. Os fabricantes de ferramentas dizem que há diferenças entre os vários tipos de sintéticos criados para as diversas aplicações, como as velocidades de corte ou o tipo de material em que será usado. Estudam-se novas ferramentas com diferentes velocidades de rotação, usando-se uma máquina que mede as forças aplicadas, analisa o desbaste e as forças geradas durante o processo. Esta tecnologia é cada vez mais abordada de uma forma científica. Segundo dados relativos ao ano 2000, 90% do diamante usado na indústria é sintético. 

Há alguns exemplos que o demonstram. Recentemente, foi desenvolvida uma broca de diamante que vibra a partir de ondas de ultra-som. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais pretendem assim diminuir a dor durante o tratamento dos dentes e, na maioria dos casos, dispensar a anestesia. Diferentemente da broca convencional, que funciona por rotação, o novo equipamento usa a vibração, através de ondas de ultra-som. “Não só é menos traumático como mais preciso, pois preserva a parte sadia do dente. Produz somente um pequeno ruído e não provoca sangramento”, disse Vladimir Airoldi, um dos pesquisadores.

O diamante também já chegou ao espaço. Na exploração do planeta Marte, é possível usar um equipamento de recolha de dados específico que usa um tubo milimétrico de diamante sintético. É o material ideal para esta função, uma vez que impede a contaminação e não altera a sua temperatura. 

A possibilidade de fazer diamantes sintéticos abriu perspectivas no campo da engenharia eletrônica. Apesar de existirem milhares de compostos semicondutores, os chips atuais são feitos quase que exclusivamente de silício. Este material apresenta boas propriedades eletrônicas, estabilidade mecânica e química. Só há mais dois elementos na tabela periódica que apresentam propriedades semicondutoras: o germânio e o carbono (quando cristalizados na forma de diamante). 

Ao ser possível produzir diamante em larga escala, este tem duas vantagens sobre o silício: a possibilidade de funcionamento elétrico a temperaturas mais elevadas e a capacidade de dissipar calor (dissipação térmica). O diamante é o sólido mais eficaz para transmitir calor. 

                                 


Autor: James Dollinger
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