ALIMENTAÇÃO E SEUS MITOS

sábado, 15 de janeiro de 2011

Todos anseiam por comidinhas mágicas que tragam saúde e vitalidade. A receita começa no prato, seguindo as regras básicas da tabela dos alimentos. Conheça também nove mitos da alimentação. Pão engorda? Azeite engorda menos que os outros óleos?... Apostemos em variedade e moderação. A alimentação deve ser o primeiro medicamento, já dizia Hipócrates, o pai da medicina moderna.

 ALIMENTAÇÃO E SEUS MITOS

E a pertinência desta afirmação não deixa de ser sublinhada nos dias que correm. Queremos receitas mágicas para estar em forma, ter energia física e mental para aguentarmos o stresse do dia-a-dia e fazer em 24 horas o que achamos que só conseguimos fazer em 48 horas. E pensamos que a solução está em socorrermo-nos de frasquinhos ou caixinhas com pós ou comprimidos milagrosos. Mas é melhor pararmos um pouco para pensar e verificar que, se calhar, o primeiro passo começa com uma regra básica: pegar na tabela de composição dos alimentos quando elaboramos a lista de supermercado.

A ideia é sublinhada pelo nutricionista Sergio augusto, “A alimentação nas várias fases de vida deve seguir o mesmo princípio: ser saudável! Olhamos para a pirâmide e vemos que na sua base estão os cereais. É neles que encontramos o combustível básico para o dia-a-dia. “Os hidratos de carbono são grandes fornecedores de energia”, lembra a fisiologista Teresa Branco, da Clínica Metabólica. A sua ingestão “permite ao cérebro funcionar em plenitude” e a sua ausência “promove o cansaço cerebral e diminui as capacidades cognitivas em qualquer idade”.

Mas se os nossos tecidos, músculos e órgãos necessitam de hidratos de carbono para desempenhar as suas funções em condições, não o fazem sem vitaminas, minerais e proteínas. Ou seja, além do trigo, milho, centeio, aveia, precisamos de fruta, de vegetais (de preferência verdes escuros) e de leguminosas como o feijão, o grão ou as lentilhas para termos uma alimentação equilibrada. Se a estes alimentos acrescentarmos frutos secos, obtemos também ácidos graxos essenciais.

Segundo o praticante de Macrobiótica Antonio Varatojo, cereais integrais, os vegetais e as leguminosas são os três alimentos de ouro de uma dieta alimentar equilibrada e potenciadora de vitalidade. “Devem é ser consumidos a todas as refeições” sublinha o especialista, que diz não lhe faltar vitalidade nem virilidade apesar de há 30 anos não consumir carne. Não nos devemos esquecer que “as células precisam de açúcar para funcionar e que a melhor glicose é a que vamos buscar aos hidratos de carbono complexos ou integrais que se desdobram lentamente e nos tornam corredores de maratona”, explica Varatojo.

Reza a história que se não fossem os cereais como o trigo-sarraceno e os seus hidratos de carbono, os russos não teriam derrotado as tropas de Napoleão. No Leste chamam a este trigo kasha e no Oriente fazem dele uma massa a que dão o nome de soba. As capacidades energéticas deste alimento devem-se à sua riqueza em fibra, cobre e manganês

Por seu lado, a endocrinologista Isabel do Carmo tem as suas próprias receitas douradas da infância à velhice: “Comer cinco porções de frutas e legumes frescos por dia”, soltos, em acompanhamento ou transformados em sopa. E não esquecer que a variedade é o tempero da vida.

Certo é que nenhum dos especialistas coloca a carne como sendo um dos três alimentos da lista essencial. E todos falam da importância dos cereais, sobretudo dos integrais, que permitem uma absorção mais lenta da energia, mas que em contrapartida nos dão uma vitalidade mais duradoura.

Além disso, “os alimentos deste grupo proporcionam os hidratos de carbono melhor adaptados aos humanos (os amidos). E fornecem também quantidades apreciáveis de fibra alimentar, vitaminas e minerais”, acrescenta a nutricionista Alexandra Branco. Ou seja, são completos e saudáveis, enquanto que o arroz ou o pão branco (fabricados com farinhas finas) “ficam muito desfalcados de minerais e vitaminas, contribuindo para o empobrecimento nutricional da ração”.

Em relação aos vegetais, há regras básicas para que deles obtenhamos as suas propriedades por inteiro: Nunca os comprar cortados e pré-lavados. Como conselho final, deixamos uma observação de Antonio Varatojo: “As pessoas querem comidinhas saudáveis, mas se continuarem com uma vida desalinhada estas receitas não funcionarão.”

OS MITOS DA ALIMENTAÇÃO

1. O PÃO ENGORDA?

É falso dizer que o pão engorda e que quem está fazendo dieta não o deve comer. Este alimento fornece cerca de 250 kcal/100 g e, como qualquer alimento, deve ser comido com moderação. O grande problema não é o pão por si só, mas sim o que lhe juntamos. Para se ter uma ideia... 10g de manteiga têm aproximadamente 90 kcal. Também não é verdade que o pão integral engorde menos que o pão branco, pois fornece sensivelmente as mesmas calorias. Mas o pão integral (ou mistura, centeio, sete cereais) é nutricionalmente mais rico do que o pão branco, fornecendo vitaminas, minerais e fibra alimentar que, conforme referido são nutrientes fundamentais na nossa alimentação.

2. SEM CARNE NÃO TEMOS VITALIDADE?

É um erro comum dizer que é preciso ingerir muita carne, de preferência um bife, para se ter energia. Sergio Augusto diz que “é necessário ingerir carne, mas não é através de uma ingestão em demasia que eu vou ter mais energia disponível. Esta ingestão em demasia só servirá para armazenar uma grande quantidade de gordura saturada”. Já Antonio Varatojo lembra que os macrobióticos têm vitalidade sem comerem carne e que vão buscar as proteínas e outros nutrientes às leguminosas como o feijão e o grão, por exemplo.

3. O LEITE NOS DÁ OSSOS FORTES?

“Não há nada que confirme que é preciso beber leite para ter ossos fortes”, sublinha Antonio Varatojo. O macrobiótico lembra que é nos países ocidentais, onde se consome mais lacticínios, que se registram mais fraturas ósseas e casos de osteoporose e que os orientais têm um esqueleto mais resistente e consomem menos produtos lácteos. Uma das explicações deve-se ao fato de os lacticínios terem muita proteína que acaba por eliminar o cálcio em vez que o segurar. Para reforçar as vitaminas A, E e D também se aconselha uma exposição solar de 15 minutos diários e a ingestão de alimentos como vegetais de folha verde, hortícolas, frutos vermelhos ou laranjas, peixes gordos e ovos.

4. OS PRODUTOS LIGHT OU MAGROS FAZEM EMAGRECER?

Antonio Varjoto desmistifica esta ideia. Apesar de “teoricamente terem menos calorias do que os produtos não ‘light’, não quer dizer que se possa comer a quantidade que se deseja sem engordar”. E chama a atenção para a necessidade de estarmos atentos aos rótulos dos alimentos: “Muitas vezes, os fabricantes retiram a gordura, mas substituem-na por outros ingredientes que podem apresentar calorias e por isso o valor energético do produto final pode não ser muito inferior ao do produto convencional.”

5. AS BANANAS ENGORDAM?

Uma banana pequena tem as mesmas calorias que uma maçã ou uma laranja, Não há fruta que engorde mais do que a outra, só é preciso ter em atenção as quantidades. Na fruta, transformada em sumo, a vitamina C degrada-se e os açúcares naturais (frutose) são consumidos de forma mais concentrada e provocam mais cáries dentárias.

6. A ÁGUA ÀS REFEIÇÕES ENGORDA?

Diz-se que não se deve beber água às refeições ou durante os esforços físicos, mas é um mito. Sem o nutriente água, não existe uma boa hidratação e nada funciona. No entanto, como refere Varatojo, também não faz sentido nenhum dizer que para sermos saudáveis precisamos beber três litros de água por dia. E a água da torneira é mais equilibrada em minerais essenciais para a saúde que a mineral engarrafada.

7. PEIXE NÃO DÁ “SUSTANÇA”?

É falso dizer que o peixe não alimenta. Segundo Sergio augusto, “o peixe é mais facilmente digerido do que a carne e uma fonte de proteínas de elevada qualidade”, tendo um teor de gordura mais reduzido. Além disso, acrescenta: “As gorduras do peixe são mais saudáveis. O peixe gordo, como a sardinha, o salmão, o arenque, apresenta ômega 3, ácidos gordos que parecem apresentar muitos benefícios para a saúde.” Uma das formas de atrasar a digestão do peixe, é acompanhar a refeição com outros alimentos de digestão mais demorada, nomeadamente vegetais folhosos, como as couves e leguminosas como ervilhas, feijão, grão-de-bico, lentilhas...

8. O AZEITE É UMA GORDURA SAUDÁVEL E POR ISSO ENGORDA MENOS?

O azeite, apesar de ser uma gordura saudável, engorda tanto quanto as outras gorduras. Cada 100 g de azeite fornece-nos 900 kcal. Por isso o azeite deve ser utilizado com conta, peso e medida. Mas que se prefira azeite a outras gorduras saturadas como os óleos. É que o azeite tem outras vantagens nutricionais, já que é rico em antioxidantes, diminui os níveis de colesterol e contribui para a diminuição do risco de doença cardiovascular e determinados tipos de cancer.

 9. HÁ ALIMENTOS BONS E ALIMENTOS MAUS?

Do ponto de vista da nutrição, não há alimentos bons, nem alimentos maus. Qualquer alimento pode fazer parte de uma alimentação equilibrada e por isso o conselho para se ter uma alimentação saudável é variar o máximo possível. Mesmo os alimentos ricos em gorduras ou em açúcar, que são apontados como pouco saudáveis, não devem ser banidos da alimentação de uma pessoa saudável, mas ingeridos com conta, peso e medida.


Autor: Adolfo de Castro
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