Sarkô, Carla & Baixarias

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Presidente francês é ator principal num enredo amoroso que está originando “best-sellers”... mas os franceses já consideram a história turva de mais. ‘Sarkozy não conhece a França tão bem como pensa: cometeu uma imprudência ao casar-se com Carla, uma ex-manequim, como se ele também fizesse parte do mundo fútil do ‘show-business’, e esqueceu-se de que é o Presidente da República, o que exige controle sobre as suas emoções e comportamento.”

Sarkô, Carla & Baixarias


‘ Impulsivo, Exibicionista, volátil nos amores e demasiado rápido, Nicolas Sarkozy propôs casamento à nova paixão apenas três semanas depois de ter começado o namoro!”As observações acima citadas, feita por um experiente diplomata francês, realça outra bem mais grave, atribuída a Cécilia, a ex-primeira-dama divorciada do atual Presidente. Num polêmico livro — Cécilia —uma jornalista, Anna Bitton, que foi durante vários anos amiga íntima da ex-mulher de Sarkozy, garante que esta considera que ele «não é digno» e que «não tem estatura» para ser Presidente da França. De acordo com Cécilia, que transcreve diversas alegadas confidências da mãe de Louis, o filho mais novo de Sarkozy, o Presidente sofre de sérios problemas psíquicos, não gosta de ninguém — «nem dos filhos» — e deseja “dar em cima” de todas as mulheres.

Cécilia, que, como o ex-marido, sempre adorou a vida na ribalta junto do “jet-set”, desapareceu fisicamente de Paris depois do divórcio, mas é um fenômeno nas livrarias da capital francesa, que propõem vários livros sobre ela, todos com revelações que põem qualquer pessoa boquiaberta. Num deles — Cécilia, a Face Escondida da Ex-Primeira-Dama, escrito por dois jornalistas, Denis Demonpion e Laurent Léger —, são revelados amores extraconjugais perversos durante a sua relação adúltera com o futuro marido, quando ela era casada com um conhecido animador da televisão, Jacques Martin, amigo de Sarkozy, que era por sua vez casado com Marie, uma corsa também amiga de Cécilia!

Exemplo dos diálogos da desvairada peça de teatro de “vaudeville” a que a França está assistindo atônita, “Vê lá! Nicolas tentou beijar-me!”, diz Cécilia a Martin. “Espero que ele tenha pegado um tamborete!”, responde o ainda marido, aludindo ao fato de Cécilia ser mais alta que Nicolas. Mais à frente, Martin comenta desta forma uma condecoração oficial que o “amigo” Sarkozy lhe acabara de espetar na lapela: “Condecorou o cornudo!”

 Esta avalanche de cenas com a figura mais importante do Estado francês como ator principal desassossegam um país que perdoou sempre aos anteriores Presidentes da Quinta República — incomparavelmente mais discretos e menos “transparentes” e impetuosos que Sarkozy — os seus numerosos pecados amorosos. Os franceses nunca deram grande importância à vida privada dos antigos Presidentes porque, ao contrário de Sarkozy, eles nunca a trouxeram para a praça pública e preocuparam-se em salvar as aparências no topo do Estado.











As esposas oficiais, “apresentáveis”, clássicas e calmas, foram protegidas e tranquilizavam a França. Giscard d’Estaing manteve uma relação com uma animadora da televisão, mas a mulher, Anne-Aymone, assumiu dignamente o “mandato” de primeira-dama até ao fim; o mesmo aconteceu com Bernadette, apesar dos alegados apetites sexuais vorazes de Jacques Chirac, que a certa altura quase chegou a oficializar um romance com a atriz italiana, Ornella Muti; idem com Danielle, que aceitou muitas infidelidades de François Mitterrand, uma delas com a cantora de origem portuguesa, Catherine Ribeiro, ao ponto de nada deixar transparecer quando François passou a viver, ao mesmo tempo, com duas famílias — com a oficial, Danielle e os dois filhos, e com Anne Pingeot e a filha “natural”, Mazarine.

 “Que grande confusão! Ao princípio ainda me dava vontade de rir, mas agora estou mesmo preocupado com toda esta instabilidade emocional do Presidente em quem votei!”, diz o senhor Benharba, de 64 anos, proprietário do café Les Aiglons, no centro de Paris. “Com Carla Bruni ainda vai ter mais problemas do que com Cécilia, que ele nunca conseguiu controlar!”, prevê este francês conservador, natural da Argélia.

Hoje, na França, todo mundo conhece histórias a respeito da ex-manequim e intérprete de canções ligeiras românticas que vive entre os palácios do Eliseu e de La Lanterne, em Versalhes, onde o Chefe do Estado repousa sempre que pode. Os franceses não parecem apreciar mesmo nada a intromissão da bela morena italiana com olhos de gata — ligeiramente semelhantes aos de Cécilia — na vida do seu Presidente. “Cécilia já não tinha imagem de primeira-dama! Agora, esta!... Que loucura!”, exclama Benharba.

Noutro livro recente, Bruni é descrita como ninfomaníaca, uma “Terminator” de beleza finalizada em laboratório para, insaciável, devorar os corações dos homens! Da autoria de Justine Levy, filha do filósofo Bernard Henry-Levy, o livro Rien de Grave teria sido escrito por despeito e ciúme, porque Carla roubou a Justine o marido, Raphael Enthoven. Este filósofo é o pai do filho de Carla, que surgiu aos ombros do Presidente no Egito! As fotos chocaram o país e provocaram debates nos programas matinais das televisões! Justine diz que Carla tenta engatar (sic) todos os homens que vê!

 Em Paris, diz-se igualmente que o livro da jornalista Anna Bitton é um ajuste de contas de Cécilia com Sarkozy e que as tentativas da ex-primeira-dama junto da justiça para proibi-lo apenas foram uma manobra de diversão! Cécilia acrescentam os “mentideros” parisienses, teria pelo seu lado já regressado aos braços do amante, o publicitário Richard Attias, que o livro de Bitton garante ser o único amor da sua vida! «Antes de Attias não conhecia o amor!», confessa Cécilia no livro.

 A saga amorosa de Sarkozy, cuja encenação ele próprio reforçou surpreendentemente e sem precauções — ao dizer, há dias, “com Carla é coisa séria!” numa solene coletiva de imprensa no Palácio do Eliseu perante 700 jornalistas —, é hoje seguida sem qualquer complexo por toda mídia francesa e não apenas pela imprensa cor-de-rosa. O analista Christian Salmon considerou demolidor que o famoso “novo estilo do Presidente” se reduza, no fundo, à sincronização da sua vida íntima com o “prime time” na televisão. “A frase ‘com Carla é coisa séria’ é digna do ‘Loft Story’”, disse este investigador de artes e linguagem. Mas o enredo da história do início da era Sarkozy no Eliseu tem, sem dúvida, ingredientes muito mais fortes e atraentes do que o de qualquer “reality show”. Um dos livros sobre Cécilia — Ruptures, dos jornalistas Yves Derai e Michael Darmon — descreve-a como uma autêntica superagente 007 na Líbia, a desafiar Khadafi e a comandar uma operação com forças especiais francesas armadas para forçar a libertação das enfermeiras búlgaras! Inimaginável: a informação ainda não foi completamente desmentida! Segundo Ruptures, Cécilia teria mandado os militares que a acompanhavam rebentar com as fechaduras das portas da prisão! Antes, teria dito aos soldados: “Chegou o momento de provarem que ele está aqui!” De acordo com o livro, a operação foi “coberta” por Sarkozy que, ainda muito apaixonado por ela e numa última tentativa para não a perder e a manter perto dele dando-lhe protagonismo, lhe teria oferecido numa bandeja a direção do processo de libertação das enfermeiras búlgaras!

Os franceses não querem acreditar que o seu Presidente tome decisões importantes sob a influência de paixões desmesuradas. Ou que a estabilidade da sua ação política esteja dependente delas. Segundo Ruptures, Sarkozy necessita, sempre, de uma paixão ao lado. Mas de forma estranha, simultaneamente dependente e autoritária. Um dia, teria mandado esta mensagem a Cécilia: “Se ela quiser voltar, que se decida rapidamente! A lista das que gostariam de ocupar o seu lugar é longa! Eu posso ter as mulheres que quiser!”


Autor: Adolfo de Castro
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Existe 1 comentário para esta publicação
sábado, 17/4/2010 por Maria
FRANÇA...
Ah! como gostaria de ser a Cecilia!?... Ele ia ficar calminho ou...
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