OSAMA É MORTO.VIVA OBAMA!

sábado, 7 de maio de 2011

O autocontrole e o sangue frio necessários para ordenar a operação, o dia, a hora, o tempo, o método, continuando a praticar os atos quotidianos de um presidente acossado pelos inimigos e as trivialidades, são características de um chefe militar. E de um grande político. Obama é um cool customer, e com esta vitória arrumou de vez com Palins e Trumps. O que é que a América valoriza mais do que a economia? O orgulho americano e a segurança nacional. Osama capturado e morto é um capítulo encerrado.

OSAMA É MORTO.VIVA OBAMA!

O autocontrole e o sangue frio necessários para ordenar a operação, o dia, a hora, o tempo, o método, continuando a praticar os atos quotidianos de um presidente acossado pelos inimigos e as trivialidades, são características de um chefe militar. E de um grande político. Obama é um cool customer, e com esta vitória arrumou de vez com Palins e Trumps. O que é que a América valoriza mais do que a economia? O orgulho americano e a segurança nacional. Osama capturado e morto é um capítulo que se encerra, e por isso as pessoas foram para Ground Zero e para Shanksville, Pensilvânia. Foram para Times Square e para a Casa Branca, um dos alvos falhados do 11 de setembro.

Se tentássemos imaginar a pilha de cadáveres amontoados graças ao nome de Osama Bin Laden e à marca que ele criou, seria tão alta como uma das Torres. Para os de curta memória, basta pegar num computador e “googlarem” as imagens dos ataques às embaixadas americanas em Nairobi e Dar-es-Salam, com aqueles mortos-vivos que caminham com a pele queimada em farrapos, os olhos de sangue, os membros decepados, as entranhas de fora. Mais do que as imagens das Torres Gêmeas, que atingiram uma escala que as desumanizou que nos impediram de ver os corpos pulverizados e sepultados no Ground Zero. Mais do que as imagens do Vôo 93 da United, de que sobraram as imagens dos destroços da máquina, mais do que a caverna aberta no Pentágono, as imagens das embaixadas transportam a carnificina de que Osama Bin Laden foi o “autor intelectual”.

Fora os cadáveres da guerra do Iraque (sem o 11 de setembro não haveria invasão) que somam uma altíssima pilha. Fora o cadáver de Ahmad Shah Massud, assassinado por dois homens da Al-Qaeda a 9 de setembro de 2001. Fora o cadáver enterrado e esquartejado do jornalista do “Wall Street Journal”, obrigado a dizer “o meu pai é judeu, a minha mãe é judia, sou um judeu” antes de ser degolado. Fora os cadáveres dos atentados nos comboios de Madrid, nos comboios e autocarros de Londres, e em todos os lugares, estações, cafés, hotéis, aeroportos, ruas, onde a Al-Qaeda resolveu perpetrar a matança dos inocentes. Fora os cadáveres dos soldados mortos nas batalhas do Afeganistão, uma pilha razoável, para não falar dos cadáveres dos civis que foram mortos porque estavam lá, simplesmente. E dos jornalistas. E muitos mais.

O número de vítimas que Osama Bin Laden fez, direta e indiretamente, e o número de vítimas que fará, porque isto ainda não terminou, impedem-me de discordar dos que celebraram esta morte, que por um desses acasos cronológicos (or not) calhou no mesmo dia em que Hitler resolveu dar um tiro na cabeça. Dez anos de caça ao homem. Uma caça ao homem que também fez vítimas, tão anônimas como as outras. Para a América, essa ideia da América como a nação mais poderosa do mundo, a caçada terminou. Acho bem que se celebrem vitórias. Não teria pena de Hitler morto, e não tenho pena de Osama morto. Se foi executado com um tiro na cabeça, teve uma morte honrosa. Se morreu em combate, teve uma morte honrosa. Homens como Osama não merecem a respeitabilidade que a velhice confere aos criminosos. Vivo, Osama continuava a ser o símbolo maior do terrorismo contemporâneo, o seu criador e financiador. Morto, é um símbolo morto, e nos tempos em que vivemos, que dependem da presença para a promoção e o financiamento, um símbolo morto é um símbolo que se enfraquece. Esta é outra vitória.

E para o Presidente Obama, acusado de ser um chefe fraco, de não saber conduzir operações militares, obrigado a mostrar certificados de nascimento aos demagogos e extremistas (a América também os tem, tão perigosos e assassinos como os outros) e obrigado a dar a ordem executiva que desencadeou uma operação que tinha tudo para correr mal, como correram outras, esta é uma vitória total. Se a decisão final foi dele, e acredito que foi, a decisão de não lançar um Tomahawk ou um Hellfire que pulverizasse a mansão e o que a rodeava, com os danos colaterais do costume, a decisão de usar uma força especialíssima de contraterrorismo, a Team Six, e de arriscar a vida dos soldados e a reputação pessoal numa operação daquelas, então Obama é tudo menos um chefe fraco. O autocontrole e o sangue frio necessários para ordenar a operação, o dia, a hora, o tempo, o método, continuando a praticar os atos quotidianos de um presidente acossado pelos inimigos e as trivialidades, são características de um chefe militar. E de um grande político. Obama é um cool customer, e com esta vitória arrumou de vez com Palins e Trumps.

O que é que a América valoriza mais do que a economia? O orgulho americano e a segurança nacional. Osama capturado e morto é um capítulo que se encerra, e por isso as pessoas foram para Ground Zero e para Shanksville, Pensilvânia. Foram para Times Square e para a Casa Branca, um dos alvos falhados do 11 de setembro. Por isso gritaram USA. A vingança é um prato que nem sempre se serve frio. Este estava bem quente.

Osama morreu como viveu, violentamente. Apesar da pose pacifista, explorada nas fotos e vídeos. De certo modo, escolheu a sua morte. Foi melhor do que morrer ligado a uma máquina de diálise. Não foi torturado, não foi humilhado, como tantas das suas vítimas. Osama mandou matar muita gente. Uma pilha de cadáveres. Guardo a minha compaixão para outras coisas.


Autor: Clara Alves
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Existe 2 comentários para esta publicação
sexta-feira, 13/5/2011 por Elizabeth Winderlyne
Corrigindo:
No comentário anterior, onde está escrito Obama, lê-se Osama. Afinal, são todos iguais, só mudam de endereço.
quinta-feira, 12/5/2011 por Elizabeth Winderlyne
Será?
Clara, Clara, será mesmo somente Obama o mau da fita? Não seria uma imagem vendida pelos que se dizem "bons"? Já não acredito mais em tudo o que leio... Mas seu texto está bem escrito. Parabéns!
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