Difícil adeus ao cigarro

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Parar de fumar é mais difícil para pessoas que não participam de atividades de lazer e também para quem ainda não teve doenças ligadas ao tabaco. Esses foram os principais fatores associados a falhas nas tentativas de deixar o fumo destacados por um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), divulgado na última edição do periódico científico São Paulo Medical Journal. A pesquisa também indicou que os grupos de apoio contra o tabagismo precisam encontrar estratégias ...

Difícil adeus ao cigarro


A pesquisa também indicou que os grupos de apoio contra o tabagismo precisam encontrar estratégias específicas para trabalhar o tema com o público que atendem, levando em conta fatores como idade, sexo e nível de instrução.

O trabalho acompanhou, durante seis meses, 100 em processo de largar o cigarro, dos quais 31 foram bem sucedidos no período. “A importância de conhecermos as principais dificuldades é que,quando atendemos um paciente que tem essas características, temos de saber que devemos tomar um cuidado especial”,avalia a psiquiatra Renata Cruz Soares de Azevedo, professora da Unicamp e uma das autoras do estudo.Ela ressalta que há poucas pesquisas que falem sobre o que não funciona no tratamento do tabagismo.

Quem tem hábitos como se exercitar,ler,ir ao cinema ou à igreja consegue com mais facilidade ampliar essas atividades para esquecer o fumo.Elas estavam presentes na vida de 71%das pessoas que venceram o vício no estudo na Unicamp.Essa é a relação, diz Renata,que explica o porquê da falta de lazer dificultar tanto o processo.“As pessoas fumam ao menos 20 vezes por dia,e isso ocupa um espaço muito grande.Quando param,têm de preencher o ritual de alguma forma.”Segundo a especialista,indivíduos mais inativos e sozinhos acabam fazendo do cigarro uma eterna companhia.“As pessoas dizem:‘É meu amigo,confidente.Quando acendo um cigarro,é como se eu estivesse conversando com alguém’”,comenta Renata.

A psicóloga Ivone Charran, coordenadora do programa estadual de tabaco do Centro de Referência do Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), afirma que muitas pessoas depositam todo o seu prazer no cigarro. “Só quando elimina o hábito é que ela se dá conta do vazio e da falta de sentido na vida.Quando sai o cigarro,podem aparecer problemas como depressão e ansiedade,que estavam camuflados.”

A coordenadora municipal do Programa de Atenção ao Tabagismo, Darlene Dias, acrescenta que o ex-fumante, muitas vezes, tem de reaprender uma série de hábitos. “Ele fica sem saber o que fazer com as mãos,o que fazer depois do café ou das refeições”,exemplifica.Essa é uma situação,acredita,que facilita as recaídas.A resistência dos fumantes que ainda não desenvolveram problemas de saúde relacionados ao cigarro era esperada pelos especialistas.

Ivone conta que, de sua experiência no Cratod, constatou que o pensamento mais corrente nesse grupo é: “se não me fez mal até agora, quero aproveitar mais um pouco”. Já os muito doentes,em estágio terminal,muitas vezes não conseguem abandonar o fumo porque pensam que tudo já está perdido.

Quanto à adoção de estratégias especiais para estimular cada tipo de grupo a deixar o vício, Renata cita as falhas de adesão apresentadas pelas pessoas com maior nível educacional no estudo da Unicamp. Ela acredita que isso ocorreu porque a abordagem estava voltada para pacientes com pouca escolaridade.“Montamos um grupo com formato e linguagem muito acessíveis para essa população.As pessoas com escolaridade maior podem ter se sentido menos identificadas com o formato do grupo.”

No caso da aposentada Solange Simão, de 57 anos, os sintomas que a levaram a deixar o maço para trás foram cansaço, dificuldade para respirar, dor no corpo e insônia. A respiração falhava até para arrumar a cama pela manhã.Fumante desde os 17anos,conseguiu cortar o vício aos 54.Mas não foi fácil.“Percebi que a concentração ficou dispersa,não conseguia prestar atenção e me sentia irritada,com vontade de brigar com todo mundo.”  

 

DICAS DE SUCESSO PARA DEIXAR O CIGARRO

>> Ponha no papel ganho se perdas ligados ao cigarro. Os ganhos geralmente estão relacionados à saúde(o fumo está associado a pelo menos dez tipos de câncer,entre outras doenças),à economia e à sensação de liberdade.A perda é a do prazer do fumo.Mas é possível descobrir prazer em outras atividades

>> O ideal é marcar uma data e parar de uma vez. Se não for possível,vale uma redução gradual,desde que o processo não dure mais que duas semanas

>> Fumado o último cigarro, jogue fora o resto do maço. Se for difícil,vale colocar o maço em um saco envolvido por camadas de fita adesiva,para dificultar o acesso

>> Para superar a ansiedade, tenha um‘kit fissura’, com castanha, uva passa, cravo, canela, damasco e ameixa em vez de balas e doces

>> Quem quer deixar o vício pode procurar uma Unidade Básica de

Saúde, que fará o encaminhamento ao serviço específico mais próximo

 



Autor: Mariana Lenharo/Jornal da Tarde
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Existe 1 comentário para esta publicação
segunda-feira, 13/2/2012 por AURELIO CARLOS MARQUES DE MOURA
DIFÍCIL ADEUS AO CIGARRO
Eu já sabia que não seria fácil.Mas, foi um presente dado a mim mesmo aos 54, mais de 40 movidos ao cigarro. Sem tratamento na rede pública seria ainda mais difícil. Cinco meses sem cigarro. Ainda sinto vontade - e muita! Que Deus me ajude. Uma vitór
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