Terapias para a liberdade

domingo, 5 de agosto de 2012

O tempo é outro na Comunidade Osho Rachana. A intensidade com que vivemos as emoções faz um final de semana parecer uma semana. Essa é nossa proposta. Ser uma comunidade terapêutica. Uma extensão do trabalho desenvolvido no Namastê, o centro de meditações ativas e terapia bioenergética. Nossos padrões de relacionamento estão sempre em xeque. Muitos amigos me perguntam como conseguimos viver, tantas pessoas juntas. “Vocês não brigam?”. Sim, brigamos.

Terapias para a liberdade




Mas as brigas servem pra limparmos o caminho e crescermos no amor que sentimos um pelo outro. Saber diferenciar o rolo da essência da pessoa faz parte do processo de autoconhecimento que vivenciamos.


“Na comunidade, nossa grande aliada é Bioenergética. Inspirada em Reich, procura desbloquear ‘couraças musculares’. E sustenta: traição é negar o corpo”

As situações não resolvidas de forma individual são levadas para o grupo. Duas noites por semana, quartas e domingos, reservamos para nos encontrar. Organizamos as questões práticas da comunidade e com sessões de terapia lidamos com o emocional. Meditações diárias e terapia individual também compõem nossa rotina. As técnicas utilizadas são meditações ativas, encounter e exercícios de bioenergética.

Como diz o mestre indiano Osho, o caminho do amor e da meditação são perigosos e só os que têm coragem podem trilhá-lo. Nós temos nossos medos, conflitos, resistências, desconfianças – mas não ficam no porão. São trazidos a tona. A simples exposição ajuda a encarar nossos monstros.

Nossa grande aliada nessa busca é a Bioenergética, uma terapia corporal que tem o objetivo de desbloquear as chamadas “couraças musculares”, segundo Wilhelm Reich. Baseado nas teorias reichianas, o psiquiatra norte-americano Alexander Lowen desenvolveu os exercícios básicos que hoje são considerados padrões da Bioenergética.

No livro “Bioenergética” (Summus: 1982), Lowen explica que, após quase trinta anos trabalhando, pensando e escrevendo sobre as suas experiências pessoais e as de seus pacientes, pôde chegar a uma conclusão: a vida de um indivíduo é a vida de seu corpo. “Desde que o corpo com vida inclui a mente, o espírito e a alma, viver a vida do corpo inteiramente significa ser atento, espiritual e nobre. Se tivermos alguma deficiência em qualquer um destes aspectos do nosso ser, significa que também não estamos inteiramente com nosso corpo.”

Lowen alerta que costumamos tratar o corpo como instrumento ou máquina. “Sabemos que, se ele falhar, estaremos em apuros. Nós não estamos identificados com o nosso corpo; na realidade, nós o traímos. Todas as nossas dificuldades pessoais advêm dessa traição, e acredito que a maioria dos nossos problemas sociais tem a mesma origem.”

A bioenergética é uma técnica que ajuda o indivíduo a reencontrar-se com o seu corpo e a tirar o mais alto grau de proveito possível da vida que há nele. “Essa ênfase dada ao corpo inclui a sexualidade, que é uma das suas funções básicas. Mas inclui também as mais elementares funções de respiração, movimento, sentimento e auto expressão. O indivíduo que não respira corretamente reduz a vida de seu corpo. Se não se movimenta livremente, limita a vida de seu corpo. Se não se sente inteiramente, estreita a vida de seu corpo e, se sua auto expressão é reduzida, o indivíduo terá a vida de seu corpo restringida.”

Lowen resume que o objetivo da bioenergética é ajudar a pessoa a abrir o seu coração para a vida e para o amor. “Essa não é uma tarefa fácil. O coração está muito bem protegido em sua caixa óssea e os caminhos que levam a ele estão fortemente defendidos, tanto física quanto psicologicamente. Atravessar a vida com o coração encarcerado é como fazer uma viagem transoceânica trancado no porão de um navio. Todo o significado, a aventura, a excitação e a glória de viver estão longe de poderem ser vistos e tocados.”

Muitos podem estar se perguntando: mas qual o objetivo de viver assim? Relações mais profundas e verdadeiras. Estar consciente de que a felicidade vendida pelas telinhas de TV não passa de imagem e futilidade. A vida pode ser muito mais e não só nos livros e filmes.

 



Katia Marko, jornalista, editora da coluna Outro Viver, terapeuta bioenergética e uma pessoa em busca de si mesma.



Autor: Katia Marko
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