Vinhos bons e baratos; basta saber escolher

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Há uma pressa enorme no mercado vinícola, os produtores, para fazer face à crise, desdobram-se em viagens para tentar vender o seu vinho, o Oriente parece ser um dos destinos escolhidos. A crise obriga a repensar estratégias e a redefinir prioridades. Quando se produz pouco o esforço é pequeno, mas quando as quantidades em causa são grandes há que suar. Em recente publicação espanhola — “Vinos de España” — está incluída uma seleção de 124 vinhos a menos de €6.

Vinhos bons e baratos; basta saber escolher

Nas informações fornecidas sobre cada vinho indica-se o número de garrafas produzidas. É neste ponto que nos apercebemos do mar de vinhos no qual navegam neste momento os orgulhosos conterrâneos de Pablo Picasso e Salvador Dalí. Entre as 124 marcas, 14 delas têm produção acima de um milhão de garrafas do vinho selecionado e uma delas — Campo Viejo — tem mesmo uma produção de 10 milhões. E, na Ribera Del Duero, a conhecida marca Protos tem do seu tinto Crianza uma produção de 2,5 milhões de garrafas. Estes vinhos, graças às modernas técnicas enológicas, conseguem ter uma boa qualidade e os preços mantêm-se a um nível aceitável.

Fazendo uma revolução ao produzir bons vinhos em Bordeaux e no Languedoc, França, Jean Luc Thunevin, o “Bad Boy” já coloca em sua mesa um excelente vinho a partir de €20,00, chegando ao Brasil através da Casa do Porto a partir de R$79,00. Quase um milagre na relação preço/qualidade.



Em Portugal acontece o mesmo e hoje há disponibilidade de bons vinhos a preços cordatos. No entanto, no chamado ‘vinho de culto’, de que o Barca Velha é o tradicional exemplo, é preciso ainda afinar preços. Ter de desembolsar por cada garrafa deste vinho €215 é complicado e algumas lojas só o vendem num conjunto de quatro garrafas (chamado de Cumplicidades) com outros três produtos Sogrape, quase a €300 a caixa. Esta venda tem a virtude de acabar com a especulação, uma vez que, pelo menos por enquanto, ninguém tem acesso a caixas e caixas de Barca Velha como acontecia nas edições anteriores; mas, praticamente, inviabiliza o consumo por parte dos apreciadores ‘normais’.

No entanto, com este vinho que tem mais de 50 anos de história, ainda há certa tolerância, mas, quando estamos a falando de novas marcas que ‘acham’ que se podem vender a 80, 90 e 100 euros, esta crise vem obrigar todos os intervenientes no negócio do vinho a pensarem duas vezes sobre a política de preços. Um grande vinho pode ser muito caro de produzir, porém, muitos dos vinhos que se encontram no mercado a 50 ou mais euros deveriam, na verdade, custar apenas metade desse valor, até porque os custos de produção (basta fazer as contas) não levam os preços para patamares tão elevados. É a lei da oferta e da procura: quando se vende, o preço está certo, se não se vende é porque está errado. O consumidor está bem servido de vinhos até €6 (Aratus branco verde 2008), muito bem servido até €10 (Azamour tinto 2008) e até €20(Cartuxa tinto2006), já bebe vinhos de muito gabarito. E, para os dias de festa, claro, há algumas exceções. Os preços aqui são referencias do mercado europeu.

 


Autor: Celso Mathias
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