Nas
informações fornecidas sobre cada vinho indica-se o número de garrafas
produzidas. É neste ponto que nos apercebemos do mar de vinhos no qual navegam
neste momento os orgulhosos conterrâneos de Pablo Picasso e Salvador Dalí.
Entre as 124 marcas, 14 delas têm produção acima de um milhão de garrafas do
vinho selecionado e uma delas — Campo Viejo — tem mesmo uma produção de 10
milhões. E, na Ribera Del Duero, a conhecida marca Protos tem do seu tinto
Crianza uma produção de 2,5 milhões de garrafas. Estes vinhos, graças às
modernas técnicas enológicas, conseguem ter uma boa qualidade e os preços
mantêm-se a um nível aceitável.
Fazendo uma revolução ao produzir bons vinhos em Bordeaux e no Languedoc, França, Jean Luc Thunevin, o “Bad Boy” já coloca em sua mesa um excelente vinho a partir de €20,00, chegando ao Brasil através da Casa do Porto a partir de R$79,00. Quase um milagre na relação preço/qualidade.
Em Portugal acontece o mesmo e hoje há disponibilidade de bons vinhos a preços cordatos. No entanto, no chamado ‘vinho de culto’, de que o Barca Velha é o tradicional exemplo, é preciso ainda afinar preços. Ter de desembolsar por cada garrafa deste vinho €215 é complicado e algumas lojas só o vendem num conjunto de quatro garrafas (chamado de Cumplicidades) com outros três produtos Sogrape, quase a €300 a caixa. Esta venda tem a virtude de acabar com a especulação, uma vez que, pelo menos por enquanto, ninguém tem acesso a caixas e caixas de Barca Velha como acontecia nas edições anteriores; mas, praticamente, inviabiliza o consumo por parte dos apreciadores ‘normais’.
No entanto, com este vinho que tem mais de 50 anos de história, ainda há certa tolerância, mas, quando estamos a falando de novas marcas que ‘acham’ que se podem vender a 80, 90 e 100 euros, esta crise vem obrigar todos os intervenientes no negócio do vinho a pensarem duas vezes sobre a política de preços. Um grande vinho pode ser muito caro de produzir, porém, muitos dos vinhos que se encontram no mercado a 50 ou mais euros deveriam, na verdade, custar apenas metade desse valor, até porque os custos de produção (basta fazer as contas) não levam os preços para patamares tão elevados. É a lei da oferta e da procura: quando se vende, o preço está certo, se não se vende é porque está errado. O consumidor está bem servido de vinhos até €6 (Aratus branco verde 2008), muito bem servido até €10 (Azamour tinto 2008) e até €20(Cartuxa tinto2006), já bebe vinhos de muito gabarito. E, para os dias de festa, claro, há algumas exceções. Os preços aqui são referencias do mercado europeu.