Cohiba o charuto de Fidel e de todos os capitalistas

sábado, 14 de dezembro de 2019

Chega à maturidade aquele que é um case de construção de marca tão competente como o de um McDonald’s ou de uma Microsoft - que é da mesma geração. Fica mais intrigante ainda quando se sabe que a marca foi criada polida e embalada para presente num dos raros países onde ainda vigora o socialismo e que, como maestro da bem-sucedida operação de consolidação comercial, não se encontrava nenhum homem de publicidade e marketing e, sim, o comandante Fidel Castro. E, sim, os socialistas adoram queimar um charuto que no Brasil chega a custar R$200 cada!

Cohiba o charuto de Fidel e de todos os capitalistas

Cohiba, o charuto de maior sucesso do mundo, aniversaria. A magia da marca foi criada num país socialista sob a batuta de ninguém menos que Fidel.












A marca é Cohiba e ela está fazendo 37 anos. O charuto originalmente era produzido exclusivamente para Fidel, para os altos escalões do governo e para os militares.

Oferecido como presente a diplomatas e chefes de estado, por este motivo foi ganhando status ao longo dos anos. Somente em 1982 a marca Cohiba começou a ser vendida comercialmente. Como recomendam os manuais do capitalismo, é importante sustentar o rótulo com a magia de uma história e, no caso do Cohiba, o que se conta é que, um dia, ao perceber o aroma especial do charuto que seu motorista fumava, Fidel - que há 20 anos tenta esquecer que já foi um charuteiro inveterado - quis saber sua procedência.

Era um charuto artesanal, enrolado em casa. Fidel foi apresentado ao artista e transformou em fábrica aquele fundo de quintal. Insistiu num calibre meio inusitado - longo, mas não tão grosso como o Churchill e o doble corona - e acabou por criar a lenda do Cohiba Lanceros, “o charuto de Fidel”.

Produzido artesanalmente, na maioria das vezes por mulheres, segundo a lenda, muitas vezes enrolados nas roliças cochas das cubanas, o delicioso produto costuma frequentar a boca de personalidades femininas importantes, poderosas ou até anônimas, quase sempre; belas!

Até hoje, nos becos escuros onde se pratica o câmbio negro dos “puros”, em Havana Vieja, o vendedor apregoa “Cohibas, Cohibas...”, embora a produção anual de três milhões de charutos na única fábrica reconhecida e genuína, no bairro periférico de Siboney, indique que dificilmente o sejam, de fato.

O toque genial de Fidel foi ter usado uma artimanha capitalista para reforçar seu império socialista, e não só pela valorização em moeda forte que o Cohiba veio a ter, no mercado exportador (apesar do bloqueio americano, Cuba hoje vende, no total, perto de US$ 400 milhões por ano em charutos).

Na verdade, Cohiba é a única marca que, já nascida no período pós-revolução, está livre de ser um dia reivindicada judicialmente pelos herdeiros dos José Gener e dos Alonso Menendez. Empresários que, antes de 1959 e de fugir para Miami, construíam uma extraordinária fortuna em cima de seus Partagas e Hoyos de Monterrey.

Cohiba é uma marca de charutos produzida em Cuba pela companhia estatal Habanos SA, e mais recentemente na República Dominicana pela empresa General Cigar. O nome Cohiba vem da palavra Taíno, que designa "tabaco".


Autor: Celso Mathias
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