A Lei do Silêncio e a lei da irracionalidade

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Pois, foi no final dessa rua, manancial de saudades, que instalou o tal esquenta de São João. Chovia torrencialmente, mesmo assim, os idosos (atenção senhores políticos, idosos ainda podem votar e votam) e outras pessoas civilizadas, ficaram sem poder dormir, até as duas da madrugada, quando algum evento, encerrou aquela balburdia, falta de respeito, de educação, de urbanidade e de bom senso.

A Lei do Silêncio e a lei da irracionalidade

cerca de um mês, acompanhei pelas redes sociais, a discussão entre dois internautas sobre o enorme desrespeito à Lei do Silêncio na cidade de Euclides da Cunha.

De um lado, um cidadão revoltado por ter trabalhado durante todo o dia de sábado, reclamava por estar acordado às quatro da manhã, em consequência de um som ensurdecedor com música de péssima qualidade, oriundo de um paredão de som instalado na Praça Duque de Caxias.

Do outro lado uma jovem defendia o evento dizendo que a música não era de má qualidade e que o cidadão que protestava, não estaria levando em consideração que ali se instalava um mercado de trabalho, segundo ela, para músicos de excelente qualidade, todos, pais de família que necessitam daquele trabalho para sustentar as suas famílias.

Pensei em intervir da conversa, entretanto, preferi manter o silêncio que vem norteando as minhas ações.

Ontem, entretanto, senti na pele o que sentiu o comerciante da Duque de Caxias. Um intitulado, esquenta de São João, instalado em área livre no final da Rua dos Ricos, infernizou os meus ouvidos e o de centenas de pessoas na região.

A Rua Otávio Mangabeira, prosaicamente apelidada de Rua dos Ricos, abrigou em uma época a elite da cidade. Ali residiam, médicos, engenheiros, advogados, alguns ricos e políticos, além de ser a sede da Prefeitura Municipal e como anexo, a Câmara de Vereadores, que por sinal, até hoje continua funcionando naquele endereço. Hoje, a Rua dos Ricos é apenas saudades. Ali moram viúvas, herdeiros e ainda, alguns ricos.

Pois, foi no final dessa rua, manancial de saudades, que instalou o tal esquenta de São João. Chovia torrencialmente, mesmo assim, os idosos (atenção senhores políticos, idosos ainda podem votar e votam) e outras pessoas civilizadas, ficaram sem poder dormir, até as duas da madrugada, quando algum evento, encerrou aquela balburdia, falta de respeito, de educação, de urbanidade e de bom senso.

Pois bem, vou agora intervir naquela conversa do início desse desabafo. Não, a música, não é boa, a música é horrível dos acordes aos temas. Mas, mesmo que fossem Louis Armstrong, Johnny Hodges, ou Glenn Miller, o raciocínio não mudaria; é preciso respeitar o silêncio!

Sim, só para registrar, o “grupo musical” ainda fez uma gracinha; cantou “Is This Love?”, fazendo com que Bob Marley chorasse na tumba, com um inglês que fez a Rainha Vitória se contorcer no caixão.

E mais, se a música na madrugada, é o ganha pão para os músicos, o que dizer do ganha pão dos que trabalham o dia inteiro, certamente a grande maioria, e precisa dormir para trabalhar no dia seguinte?

Euclides da Cunha, cresceu, enriqueceu, assimilou costumes modernos, entretanto, educação e cidadania ficaram lamentavelmente fora do processo. A evolução pessoal se desenvolveu apenas em torno dos “prazeres” que os tempos modernos oferecem.

Que pena!

Arrematando - Para amenizar a tragédia que se anuncia nos costumes da cidade, uma lembrança para esse povo sem memória. Recebi hoje essa foto do empreendedor, João Costa Soares, com seu Ademar do Ónibus, um visionário, primeiro dono da linha que hoje pertence à Gontijo. Esquecido, aos 92 anos de idade, continua vivendo na Euclides da Cunha que o olvidou.Teve um enorme papel na vida do município, influenciou e ajudou os principais políticos da região, teve grande participação na vida da cidade. Qualquer hora dessa, vou procura-lo para render minhas homenagens!


Autor: Celso Mathias
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