Sauvignon Blanc; a uva que amo

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Nesta seção, já falamos de Chardonnay e Cabernet Sauvignon, atribuindo as nacionalidades brasileira e chilena, respectivamente, aos vinhos dessas uvas, pela facilidade de encontrá-los em todo o país. Hoje, que tal se experimentarmos um vinho de Sauvignon Blanc, a uva que faz maravilhas em Bordeaux (ao lado da Sémillon) e no Vale do Loire, na França, e tem se aclimatado bem em inúmeros outros países, muito especialmente na Argentina e na Nova Zelândia!

Sauvignon Blanc; a uva que amo

Um belo exemplar da Nova Zelândia, é o Matua

Marlborough Sauvignon Blanc da vinícola Matua Valley, fundada em 1974, em West Auckland (Nova Zelândia) pelos irmãos Bill e Ross Spence. Sua família plantou o primeiro vinhedo na região em 1969. Foram os primeiros a plantar a uva Sauvignon Blanc no país, hoje uva do vinho emblemático da Nova Zelândia. A Matua Valley possui hoje vinhedos nas principais regiões produtoras do país, além de suas duas vinícolas, em West Auckland e Marlborough. Foram rapidamente reconhecidos pela inovação e pela capacidade de produzir constantemente vinhos de alta qualidade em quantidades suficientes para atender grandes mercados.

O Matua Sauvignon Blanc é feito com uvas 100% Sauvignon Blanc. Não passa por barricas de madeira e nem faz fermentação malolática (uma segunda fermentação que dá ao vinho aromas e sabores de manteiga, creme ou iogurte).

No nariz o vinho é impressionante. Pungente é a palavra que se usa em inglês, que significa contundente, esmagador, categórico. É super aromático, com notas de aspargos, maracujá, grama, limões, casca de laranja, pêssego, nectarina, pedra molhada, um vinho muito complexo.

Na boca, o vinho é seco, com acidez alta, álcool equilibrado e intensidade de sabores bem alta. O final é muito longo, ficando os sabores na boca durante longo tempo. Um vinho de excelente qualidade, supercomplexo, de final longo e representa o melhor da Nova Zelândia.

Os Sauvignon, como também podem ser chamados - dispensando-se o adjetivo Blanc -, são vinhos que se destacam pelo frescor (leia-se acidez elevada) e pela intensidade aromática, com toques agradavelmente vegetais, como de ervas finas e folhas amassadas, e flores brancas (jasmim, flores do campo). As frutas que os vinhos de Sauvignon Blanc sugerem - ainda aromaticamente - são claras, ácidas, verdes: abacaxi duro, maçã verde e pêssego branco são sempre notados.

Quando não amadurecem completamente, ou quando se lhe permitem vicejar demais em ramas, seus aromas podem se tornar excessivamente herbáceos, aí defeituosos.

São frequentes as referências a aromas esfumaçados nos copos desta uva. Fumaça, defumados: no Loire há a denominação Poilly-fumé, em alusão a esta característica "fumaçada". Há, pelo mundo, dúzias de Fumés-blancs, pelo mesmo motivo. Fumé Blanc, aliás, é o nome que o pioneiro norte-americano dos vinhos Robert Mondavi lhe deu na Califórnia, resgatando para o público norte-americano essa uva, que tinha sido relegada a um segundo plano pela onipresente Chardonnay.

Raramente se coloca o vinho de Sauvignon para estagiar em barricas de madeira ou em contato com chips de carvalho: justamente para aproveitar o que esse vinho branco tem de melhor, que é o seu enorme frescor e intenso aroma frutado, herbáceo, floral. Há, entretanto, casos, com maior ou menor sucesso.

Em geral, bebe-se jovem, com pouco tempo de garrafa. Hás casos de evoluções notáveis por até 15 anos, entre os mais estruturados.

Para criar um parâmetro de qualidade em vinhos dessa deliciosa uva, vá de neozelandeses: lá, eles são magníficos, quase unanimemente considerados os melhores do mundo.

Tome algum cuidado com os sauvignon (assim, sem o Blanc) chilenos. Segundo alguns autores, a maior parte do vinho assim exportado do Chile é de Sauvignon Vert, uva inferior, menos aromática, mais ácida e herbácea.

Há, apesar disso, excelentes exemplares no país pacífico, como o La Compania, um Sauvignon Blanc de excelente custo/benefício, R$59 (ou preço qualidade como preferem os enófilos). Trata-se, um vinho muito interessante de cor amarelo pálido, com aromas delicados que lembram frutas cítricas como grapefruit, frutas tropicais e um insistente toque de pêssego maduro. O paladar é fresco, com acidez acentuada e persistente. Vinho perfeito para acompanhar frutos do mar, saladas, pizza, sushi, carnes brancas, ou só como um aperitivo.

A uva começa a receber atenção também dos plantadores brasileiros, principalmente por causa de sua alta produtividade, e bons produtos nacionais começam a aparecer, ainda um pouco timidamente. Só para informação, nessa Bahia caliente, a Sauvignon é disparadamente a minha predileta.

 

 

 


Autor: Celso Mathias
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