O QUE MATOU MOZART?

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mozart teria morrido de febre tifóide? Tuberculose? Envenenamento com mico toxinas ou endocardite? Estas são apenas algumas das hipóteses no folclore que continua a rodear o desaparecimento do compositor na manhã de 5 de Dezembro de 1791, aos 35 anos. O médico francês Lucien Karkausen fez uma revisão de toda a informação clínica disponível sobre o estado de Mozart na altura em que produzia a sua última obra, o Requiem em Ré Menor, inacabado.

O QUE MATOU MOZART?


Num artigo publicado na edição de Natal do "British Medical Journal", o especialista revela que, nos últimos 219 anos, já foram diagnosticadas ao músico 140 doenças e 27 perturbações psicológicas. Relança assim o debate em torno da medicina histórica: continua a ser pouco precisa e enviesada, com uma seleção questionável de fontes.

A nova tese de Karkausen é que Mozart tem sido alvo de uma campanha de difamação. "Este fenômeno é a nemesis médica de Mozart. Esconde a intenção secreta de tirar um autor excepcional do seu pedestal em consequência de uma necessidade obscura de baixar a crista aos grandes artistas", defende. De que morreu então o compositor? "A causa mais plausível terá sido uma epidemia. Pode ter sido gripe ou tifo. Quem sabe?", As duas causas foram propostas pelos médicos do compositor e para o especialista são as mais realistas. Mas há outro pormenor relevante, referido pela cunhada de Mozart, Sophie Haibel, adianta. "Na altura era uma terapia aceite sangrar as pessoas com doenças infecciosas. Sabemos que ele perdeu cerca de dois litros de sangue em duas semanas. Esses sangramentos teriam sido um fator determinante para a sua morte."

Na lista de 140 doenças assinada por Karkausen entram sífilis, malária ou meningite, quadros raros como púrpura de Henoch-Schönlein (uma inflamação dos vasos sanguíneos) ou obesidade. O médico nota ainda que, quanto mais recentes menos verossímeis são os diagnósticos, além de haver uma estranha ligação entre a especialidade dos médicos que se aventuraram nos anais da morte de Mozart e as causas propostas. No século passado, o microbiologista R. Schoental sugeriu o envenenamento com fungos e o farmacêutico R. Ludewig falou de vinho contaminado com chumbo, hipótese válida tanto para homicídio como para suicídio. A tese de homicídio é partilhada pelos discípulos e por alguns musicólogos, que apontaram o dedo aos judeus, à maçonaria e aos jesuítas.

O interesse pela saúde de Mozart, conta Karkausen, surgiu depois de ler um trabalho na revista "Musical Times" onde o compositor era apresentado como maníaco-depressivo. "Quando acabei de ler os dois artigos concluí que era impossível. Durante dois ou três anos estudei a literatura, estive na Fundação Mozart em Salzburgo e no fim percebi que sabia muito mais sobre as fontes originais do que tem sido reproduzido." Além da lista de doenças, disponível no blog Mozart and Medicine, a dedicação valeu-lhe conclusões originais. "Fiz uma análiseepidemiológica da morbilidade de Mozart - ou seja, da incidência de doenças graves - e a frequência é comparável à da de uma criança ocidental no século xx." Dizer que o compositor era louco, a imagem reforçada pela história, também é mera especulação. Karkausen põe as mãos no fogo: "Se alguma vez na história da música houve um músico mentalmente saudável foi sem sombra de dúvida Mozart."

 


Autor: Byagn
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Existe 3 comentários para esta publicação
quarta-feira, 30/5/2012 por Aparecida Mendes
QUEM MATOU MONZART???
Que pena que pesoas inteligentes morrem tão cedo?! Os vampiros de almas e outras coisas mais duram..., que contraste!
sexta-feira, 25/5/2012 por Reinhard Lackinger
Morte de Mozart
Um suposto erro na dosagem do mercúrio teria sido a razão desse gênio ser enterrado como indigente, para evitar que se faça uma necrópsia, podendo acusar os médicos.
sexta-feira, 25/5/2012 por Reinhard Lackinger
Envenamento por mercúrio
Mozart morreu por envenenamento por mercúrio. Mozart, grande compositor e também grande "putanheiro" sofreu de sífilis e a aplicação de mercúrio era um dos tratamentos naquela época, fim do século dezoito. Suspeita-se que houve um erro na dosagem e
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