O jovem senhor dos vinhos

Faz pouco mais de 20 anos que a rotina desse mineiro de 48 anos era dirigir uma velha Kombi de Valadares para SP onde comprava alimentos e bebidas finas para vender na cidade mineira. Muitas histórias depois, Péricles Gomes é um dos mais respeitados importadores e comerciantes de vinhos do país, além de produtor de uma vitoriosa linha de vinhos no Chile, e brevemente de espumantes na Itália. Dono de lojas em Vitória e BH, ele coroa o seu empreendimento cravando uma loja no coração de São Paulo.

(São Paulo merecia uma loja como essa)

Quem vê a elegante loja de vinhos na esquina da Al. Franca com a Rua Haddock Lobo, não imagina a quantidade e a velocidade como a história conduziu esse mineiro nascido em Viçosa e criado em Governador Valadares. A refinada Casa do Porto está instalada em prédio próprio no metro quadrado mais caro da capital paulista. “Não foi fácil chegar até aqui. Foi muito suor, muito trabalho, muitas alegrias, algumas tristezas e muita sorte. Mas o que mais me impressiona, é que quanto mais eu trabalho mais sorte eu tenho”. Afirma Péricles com seu inconfundível ar de menino mineiro.

Filho de pai abastado, Péricles sempre preferiu andar com seus próprios pés ou voar com suas próprias asas. Aos 21 anos casou com Beatriz Gomes, (ela com 18 anos) e foram juntos lutar pela sobrevivência. Estabeleceram-se em Governador Valadares, compraram uma Kombi e viajavam toda semana para São Paulo onde compravam bebidas e alimentos refinados para vender à classe endinheirada da região. Já nessa época surgiram os primeiros contatos e o início do encantamento com o vinho. ( o casal ano passado em Bordeaux em busca de novos produtos)

Em 1993 com a família já ampliada pelo nascimento de Gabriela, o casal resolveu buscar um centro mais desenvolvido para se estabelecer. Inicialmente estudaram a possibilidade de mudar para Campinas, mas terminaram optando por Vitória, capital do Espírito Santo.

Em 1994. Na Rua Joaquim Lírio, Praia do canto, o bairro mais nobre de Vitória, foi inaugurada a primeira Casa do Porto. Ali, Péricles trocou os pés por asas.(com um grupo no Chateau Valandraud , Premier Saint Emilion Grand Cru Classe, sempre pesquisando novos produtos)

(Concebido por Péricles e um grupo de amigos, o Aleixo é referência em enogastronomia no Espírito Santo. O point da atualidade)

Vitória era uma capital que começara a perder o ranço provinciano e ingressava em um período de imensas transformações. Empresas como Vale do Rio Doce, Aracruz Celulose, Companhia Siderúrgica de Tubarão, além de grupos locais como Chocolates Garoto, Tristão, Coimex, Águia Branca e Viação Itapemirim povoavam a cidade com executivos de fino gosto. (Na Espanha com o genial Raul Perez)

(Com Eduardo Moraes na Bodega Vizar Espanha. A pesquisa continua)















(Em Rheims em busca do preço/qualidade para o Champagne da Casa do Porto)

Nessa época a Casa do Porto que era um armazém de produtos e bebidas finas começou a migrar para o vinho e transformou-se no “point” de melhor frequência na cidade. Intelectuais, empresários, e principalmente a classe política, de vereadores ao governador passando pelo prefeito, deputados e senadores elegeram o local como ponto de encontro.

Péricles e Beatriz com a simplicidade e o jeitinho mineiro que os acompanha até hoje, faziam das tripas coração para conter eventuais arroubos de adversários políticos que se cruzavam portando taças de cristal com o precioso líquido que a casa vendia. Existem muitas histórias que não podem nem devem ser contadas como bem condiz a um bom taberneiro.

( O Glamour da Casa do Porto-SP)

(São Paulo merecia uma loja como essa; completa!)

E foi nesse ambiente de efervescência que Péricles começou a ser, além de comerciante; importador. Aproveitando os benefícios ficais do FUNDAP- Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias, ele iniciou essa atividade trazendo vinhos de grandes produtores chilenos chegando a ter posição destacada na importação de vinhos topo de linha.

Em 2010 com o agravamento da crise mundial principalmente, nos Estados Unidos e Europa, os produtores chilenos começaram a pressionar outros mercados, notadamente a China e o Brasil para compensar a queda de faturamento. Em decorrência dessa pressão que inviabilizava a filosofia da Casa do Porto que opta por um trabalho mais seletivo, Péricles devolveu as 12 representações de vinhos chilenos e começou uma nova etapa na sua linha de atuação. Resolveu produzir no Chile um vinho com a sua marca, Leyendas de familia e, depois de várias visitas a produtores franceses e espanhóis, está especializando a suas lojas na venda de vinhos europeus cuidadosamente escolhidos como:

França:

Vins Jean Luc Thunevin (Na foto)

Chateau Valandaud

Bad Boy

Divin France

Pierre Morey

Pierre Frick

Conhaque Jacques Denis

                     

Espanha:

Bodegas y Vinhedos Vizar

Raul Perez

Forjas de Sanes

Ramiro's

 

Portugal:

Secret Spot

 

Itália:

Tonino Lamborghini Vins

 

Argentina:

Alpamanta Wines

 

Chile:

Viña Laberinto Colbun

E, finalmente, Viña Leyendas de Familia, este último, uma linha completa de vinhos criada por Péricles Gomes com apoio de seu fiel escudeiro Luiz Eduardo Moraes, sob a batuta do consagrado enólogo Rafael Tirado e produzido na vinícola Casa Donoso, uma das mais importantes do Chile.

Entusiasmado com o sucesso do Leyendas de Familia, Péricles desenvolve em Bologna, Itália, uma linha de espumantes brut que será produzida pelo método champenoise no clássico corte Pinot Noir/ Chardonay.

(Primeiro teste da levedura do espumante produzido em Bologna. Observe que a garrafa ainda não tem o rótulo)

Da primeira Casa do Porto em Vitória na qual tantas histórias se passaram, onde nos sábados à tarde o próprio Péricles ia para uma cozinha improvisada preparar um imperdível Risoto de Bochechas de Bacalhau al Nero di Seppia para atender a um seleto número de amigos-clientes, onde foram lançadas as sementes de projetos vitorioso como o festival de Vinhos da Pedra Azul (em parceria com o médico Roberto Serpa, um abnegado amante do vinho), o badalado restaurante Aleixo, hoje o principal point de Vitória, onde passaram personalidades do mais alto gabarito que hoje fazem parte do amplo universo de clientes-amigos desse mineiro gourmandise que tem na sua agenda os telefones pessoais de gente como Renato Machado, Alex Atala, Ed Motta, Jorge Lucki, Boni entre outros personagens do jet set, isso tudo sem perder um milímetro da simplicidade e da mineiridade que o acompanham desde o tempo da velha Komb

E por falar em velha Kombi, atualmente, os clientes da Casa do Porto-SP que residem em outras cidades, podem ser recebidos no aeroporto por um motorista a bordo de uma clássica Mercedes Benz 560 SL-Executive Limusine.

Cercado pelos melhores profissionais do mercado, em tudo que empreende é sempre perfeccionista e extremamente cuidadoso com o treinamento da sua equipe. Há quem veja nisso o sucesso de tudo que ele faz. Agora mesmo prepara uma nova equipe para atender na nova loja de alto padrão que deverá abrir em Vitória nos primeiros meses do próximo ano. “A localização da loja; é segredo!” Desconversa o Jovem senhor dos vinhos.

Para mim é muito difícil definir o Péricles em consequência do carinho e da admiração que tenho por ele. Um cidadão perseverante, honesto e com um coração enorme sempre querendo ajudar todo mundo. Devo a ele grande parte de tudo que consegui no meu crescimento pessoal e profissional. Ele sempre me deu liberdade para aprender e aplicar os meus conhecimentos. O mais importante dele é ser uma pessoa livre de vaidades e sem soberba. Realmente uma grande pessoa. Sua família com certeza é minha segunda família. A cima de tudo; sou fã desse cara!

(Luiz Eduardo Moraes, escudeiro e gerente da loja de Belo Horizionte)

Autor: Celso Mathias
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