Feliz Ano Novo, Wellington Pina!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

No último fim de semana, os chineses comemoraram a chegada do ano 4714. Nós, nessa segunda feira, estamos finalmente entrando no ano 2016, apesar de 2015 ter se encerrado em 23 de dezembro passado. Nesse rico e varonil Brasil, infestado de políticos corruptos, mosquitos transmissores de doenças e escândalos em todos os podres poderes, o povo se dá ao luxo de festejar saídas e entradas de anos cada vez mais sem luz ao fim do túnel. Eu, aproveitei para refletir e anotar dados para uma autobiografia que vem se arrastando nesses últimos anos. E, dentro desse contexto, lembrei-me de um amigo capixaba que faz parte da minha história. Um amigo daqueles que não se encontra mais. Companheiro para um copo de cerveja, para boas risadas, trocas de experiências e solidariedade; refiro-me a Wellington Pina Ribeiro!

Feliz Ano Novo, Wellington Pina!

Alfredo Pina Ribeiro entre o filho Wellington e a esposa Elzi na casa do Horto Florestal.

Cheguei à cidade de Vitória, capital do Espírito Santo em meados dos anos 70. Essa cidade me deu muitas alegrias e algumas tristezas. Alguns desafetos cujos nomes esqueci e muitos amigos que estão vivos na minha memória apesar dos quinze longos anos que me afastam da tão querida cidade e de pessoas tão especiais.

Entre essas pessoas especiais, Wellington Pina, jovem empresário morador do Horto, braço direito do pai, Alfredo Ribeiro, bem-sucedido empresário do ramo de hortifrúti. Wellington e eu, tínhamos pouco mais de vinte anos e éramos apaixonados por carros. Foi em busca de um Dodginho superequipado que o conheci. Jogo duro nos negócios, Wellington percebeu meu encantamento com o equipamento que enfeitava o bólido e fez jogo duro no negócio. Mesmo assim, terminei comprando o carro que me proporcionou muitas alegrias.

Nessa época, o centro da boemia capixaba estava no saudoso Britz do Eduardo Paru, casa que por si só, tem material para vários livros e tratados sobre comportamento, política e sociedade capixaba de meados do século passado.

Para desespero da vizinhança, em muitas madrugadas estacionei meu Dodginho prateado nas imediações do Britz para ouvir música, namorar e beber até o dia raiar. Vez por outra avistava o Wellington com quem passei a ter um relacionamento cordial e vez por outra bebíamos uma cerveja.


No final dos anos 70, mudei para então quase deserta (de vida noturna), Praia do Canto. Fui morar na Rua Chapot Presvot, Edifício Elvira Maria, esse de três andares que aprece nessa foto recente do Google. Ali em frente, estabeleceu-se um simples, porém muito bem montado salão de beleza unissex comandado por um profissional diferenciado. Formação superior, exímio profissional e dono de um tino comercial apurado, Wildson, que tempos depois descobri ser irmão do meu amigo Wellington, tornou-se, além do profissional que cuidava da minha aparência, em um amigo confiável, dono de elegância impar no trato com as pessoas e na guarda da confidência dos seus clientes que já eram muitos e hoje são inúmeros. Wildson é dono do K'abelos, bem-sucedida rede salões de beleza.

Vitória era uma capital pequena. Poucos restaurantes, pouca vida noturna. Parecia uma grande e agradável cidade de interior com meia dúzia de milionários e algumas pessoas ousadas como o Wellington. Éramos jovens, arrojados, gostávamos de boas coisa, mulheres bonitas, carrões e trabalhávamos para desfrutar dessas coisas. Embora nossas trajetórias de vida tenham muitas semelhanças, é sobre a de Wellington que quero falar. Depois de atuar com sucesso em algumas atividades, o meu amigo resolveu adquirir um dos primeiros restaurantes badalados de Vitória; o Deck! A casa ficava na avenida Rio Branco, região nobre e fora montada com todos os requintes de um restaurante de grandes centros. Ali, Wellington começou uma nova trajetória, dessa feita envolvendo-se no Showbiz. O Restaurante Deck virou Boate Kripton e transformou-se na coqueluche da época.

Nesse clima de sucesso e de glamour, a ousadia do empresário trouxe a Vitória nomes inimagináveis à época: Lulu Santos, Eduardo Dusek, Cauby Peixoto, Gonzaguinha, Rosa Maria , Elza Soares, Zezé Mota, Bebel Gilberto, Rosita Gonzales, Antônio Carlos e Jocafi, Guilherme Arantes, Golden Boys, Ivan Lins, Paralamas do Sucesso, Banda Eva com a vocalista Ivete Sangalo, Jorge Aragão, Gera Samba e até a banda australiana Man at Work, sucesso de vendas em vários países, incluindo o Reino Unido, onde alcançou o primeiro lugar nas paradas daquele país.

Alguns desses grupos tiveram que se apresentar em espaços maiores em função dos custos e da afluência de público, entre eles, o polêmico e genial Tim Maia que combinou e tocou no Ginásio alvares Cabral com sua maravilhosa Banda Vitória Régia.

“Para contratar o Tim, eu e um parceiro que tive nesta realização, tivemos que ir ao Rio tratar pessoalmente com ele. Quando acertamos o valor, ele queria receber 50% no ato e em espécie, sabedores da fama de não comparecer, batemos pé e falamos que o dindin só quando chegasse em Vitória. Ele esbravejou e nos colocou, literalmente, porta fora de seu AP.

Chegando ao hotel, recebemos um telefonema do empresário do gordo que pedia desculpas e nos convidava para retornar e assinar o contrato. Ao chegarmos, ouvimos dele que todo empresário era FDP e, portanto, queria metade do cachê ao chegar em Vitória. Assinamos e voltamos para divulgação do show. Na data combinada, toda equipe do músico desembarcou, enquanto ele continuou sentado na aeronave e afirmou que só desembarcaria com a outra metade do cachê em mãos. Cumprida a exigência, o gordo desembarcou travado rsrsrs... o show iria acontecer no dia seguinte. Segurar o Tim até este momento foi uma loucura. Mas seguramos. O show foi um sucesso”! Relembra Wellington.

Fecha o pano!

Na virada do século, cada um com sua história, tanto Wellington como eu, passamos por momentos difíceis e, cada um ao seu modo, partimos para enfrentar os obstáculos. Passaram-se mais de dez anos, e eis que um belo dia, encontro nos domínios de Mark Zuckerberg, meu amigo Wildson e, meu amigo Wellington vivendo uma nova vida, com filhos, netos, uma nova e feliz família, novos filhos e, com a mesma atividade do irmão, Wildson, conquistando novos espaços e mais uma vez ousando.

Feliz por todos vocês. Uma família unida, bonita e, com exceção do saudoso Alfredo, todos vivos e saudáveis. D. Elzi, a amada matriarca e as meninas Mariângela e Jaqueline.

Pois é meu caro amigo, muita gente passou e não sobrou nada. Outras pessoas, apesar da distância, representam uma grata recordação.

Nós sempre tivemos uma convivência fraterna.  Fomos de fato, amigos, conselheiros em uma época em que o único interesse, era a sincera amizade.

D. Elzi entre os filhos Wildson e Welington

As nossas trajetórias de vida são parecidas, com altos e baixos, grandes amores, grandes ganhos, grandes perdas...Mas nós sobrevivemos!

 



Autor: Celso Mathias
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Existe 1 comentário para esta publicação
segunda-feira, 15/2/2016 por Mariangela
Agradecimento
Querido e inesquecível CELSO MATHIAS, você é sempre lembrado por estas bandas...basta sentar aos sábados no triângulo que quando passa um carrão bonito ...dizemos: uau CELSO MATHIAS dando sua volta!!!!obrigada querido pelo homenagem
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