Enseada do Segredo

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A escritora baiana Noemia Meireles Nocera que escreve sob o pseudônimo de Morgana Gazel, apresenta com suas próprias palavras o livro “Enseada do Segredo.” Lançado em agosto do ano passado em, em Salvador, no Rio de Janeiro, em São Paulo (20ª Bienal) e, no dia nove de janeiro passado, em Fortaleza, a obra tem recebido dos leitores a melhor critica.

Enseada do Segredo


 

 

Creio que antes de falar do livro devo falar um pouco de mim, a autora. Portanto me apresento; meu nome é Noemia Meireles Nocera. Minha primeira formação profissional foi o curso técnico de química industrial. Anos depois, graduei-me em matemática. No entanto, em vez de lecionar, fiz treinamentos em informática e, por treze anos, exerci com sucesso a profissão de analista de sistemas. Naquela época, buscava uma vida menos dura do que a que havia tido em minha infância e adolescência. Isto, porém, não me bastava, tanto que, nas horas vagas, fazia poesias. Desejando uma atividade que atendesse às minhas demandas íntimas, tornei-me psicóloga. Após vários anos na prática desta última profissão, percebi que ainda não havia encontrado o real significado de minha vida. Vislumbrei-o ao me imaginar relatando os dramas humanos através de histórias inventadas. A primeira delas materializou-se no livro “Enseada do Segredo”.

Esta história tem como foco uma mentira familiar, e se situa num subúrbio imaginário do nordeste brasileiro, no período da ditadura militar. No entanto Frederico, o protagonista, ignora tanto a mentira familiar como a realidade por trás da ordem estabelecida em seu país; retalhos desta realidade aparecem, inicialmente, através de sussurros amedrontados e vão sugerindo a situação política da época. Mas, o que lhe era negado conhecer, Frederico pressentia, era como se algo errado houvesse em torno de si... ambas as mentiras interferindo em sua vida. Assim Morgana Gazel vai tecendo os fios até finalizar a trama da história. Morgana Gazel é a narradora que existe em mim.   

Ao decidir enveredar por esse caminho, pensei em direcionar minhas escritas, de modo a contribuir no processo de humanização do homem. Intenção que, logo percebi, não podia ser imposta ao livro, pois eu não conseguia controlar o que vinha a minha mente. Entretanto se imiscuíram, no texto do “Enseada do Segredo”, mensagens subliminares favoráveis à vida, aos bons costumes e à conscientização de direitos e deveres; elas aparecem disfarçadas ora nos diálogos ora na conduta dos personagens. Observando-as e sabendo como são efetivas na aquisição de novos comportamentos e valores, concluí que, independentemente do meu controle, um caráter educativo revelou-se no livro. Deve ter sido Morgana quem me presenteou com isso.

Depois que este livro me foi entregue pela editora no início de agosto do ano passado, desejando que ele chegue às mãos de quantos possam usufruir algum benefício ao lê-lo, passei a me ocupar diligentemente em sua divulgação. Naquele mês, lancei-o em três lugares diferentes, Salvador, São Paulo (na Bienal) e Rio de Janeiro. E, no dia nove de janeiro, fiz um lançamento em Fortaleza. Também já o doei a instituições, onde vivem pessoas que teriam dificuldade em adquiri-lo, como o presídio Lafayete Coutinho, o Conjunto Penal de Mulheres e o Abrigo do Salvador. Neste último local, espero que ele proporcione aos idosos pelo menos alguns momentos de reflexão e prazer. Agora, estou elaborando um projeto, visando conseguir patrocínio para publicá-lo em braile e em áudio, respectivamente código e formato que darão às pessoas cegas a possibilidade de o ler.

Mesmo trabalhando para apresentar ao mundo o “Enseada do Segredo”, escrevi oitenta páginas do segundo livro, cuja história se intitula Liberdade Negada. Neste último, o drama resulta da intolerância política da ditadura militar e da conduta de um pai, contaminada por essa intolerância. Este livro tal qual uma vida em gestação clama minha atenção. É doloroso, mas lhe faço ouvidos moucos e continuo a cuidar do primeiro, a quem me dedicarei até que ele possa caminhar sozinho. 

 


Autor: Celso Mathias
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